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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Recepção na casa espírita!

Recepção na casa espírita!








"A casa espírita deve ser uma instituição que represente os braços do Mestre abertos e estendidos a envolver todos os irmãos que ELE nos encaminhar, pois, que o Centro Espírita é a casa em que as almas encarnadas e desencarnadas podem encontrar Jesus, através dos seus trabalhadores,..."

Entendemos, que a maneira como somos recebidos em qualquer lugar ou instituição, seja por amigos ou desconhecidos, muita influência exerce em nossa maneira de nos portarmos em tais ambientes, isto é, se somos recebidos de maneira fria, desinteressada, sem qualquer importância, nossa atuação estará muito comprometida, pois, nos sentiremos deslocados, incomodados etc.

Se, ao contrário, formos recebidos com carinho, com votos de boas-vindas, com camaradagem, com alegria pelos recepcionistas desses lugares ou instituições, nosso ânimo será outro, e nossa participação será bem diferente, pois, nos sentiremos queridos, estimados etc.

Da mesma forma que nós, todas as outras pessoas também desejam ser bem recebidas, e se estamos na Casa Espírita que freqüentamos, a recepção que devemos dar a quem nos procura deve ser a mais calorosa, atenciosa, e respeitosa possível, visto que estaremos representando, a infinidade de trabalhadores do Mestre de Nazaré que nos ensinou a "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos".

Por essa razão, a casa espírita deve ser uma instituição que represente os braços do Mestre abertos e estendidos a envolver todos os irmãos que ELE nos encaminhar, pois, que o Centro Espírita é a casa em que as almas encarnadas e desencarnadas podem encontrar Jesus, através dos seus trabalhadores, em quem o Mestre muito confia, assim sendo, algumas atitudes devem ser tomadas para que os irmãos que nos procurem possam realmente encontrar apoio e orientação segura para suas dificuldades, sejam quais forem.

Para tanto, a casa espírita deve preparar seus tarefeiros para esse mister, escolhendo através de cursos a serem ministrados com essa finalidade, onde os mais experientes, os mais dedicados possam ser encaminhados para o setor de recepção da casa espírita, e estará preparado para dar todas as informações sobre as atividades da casa, as primeiras orientações sobre a doutrina etc., nesses encontros, devem ser solicitado a todos os participantes que dêem sugestões para uma recepção digna a quem buscar o Templo Espírita a que pertençamos, e posteriormente selecionadas as melhores idéias para serem desenvolvidas e postas em prática com o comprometimento de todo grupo.

Essas reuniões, em nossa casa espírita, acontecem normalmente nos grupos de estudos, onde em determinadas oportunidades fazemos um balanço daquilo que achamos que precisa ser implantado ou modificado e pedimos a opinião de todos os participantes que opinam e por participarem dos métodos de definição de como melhorar a tarefa estudada, se acham bem integrados com as medidas definidas e se empenham por cumpri-las.

Não mais se pode admitir, uma casa espírita, onde alguém dá a ordem e todos têm que executar, seja ou não favorável e sem ser ouvido, hoje o diálogo, na busca de soluções para os problemas que nos surgem é de vital importância para a manutenção de uma Instituição sadia, sem correntes contrárias a se combaterem, afinal somos espíritas e não podemos nos esquecer dessa responsabilidade em hipótese alguma.

De nossas experiências, podemos apenas sugerir algumas idéias para melhorar essa recepção em nossas casas espíritas, respeitando cada grupo espírita que é absolutamente independente para agir de conformidade com sua filosofia, e não temos a pretensão de passarmos por professores de conduta ou autoridades em qualquer tipo de assunto, apenas queremos se possível contribuir para um melhor relacionamento entre a instituição, seus tarefeiros e os irmãos que chegarem na busca de orientação e auxílio.

Sugestões para uma boa Recepção:
1) Criação de uma mentalidade de recepcionar bem quem quer que procure a Instituição, através de avisos, folhetos, conversas nos grupos de estudos e trabalhos da casa espírita;

2) Pedir aos trabalhadores da casa espírita sugestões para essa finalidade;

3) Constituir um grupo de trabalhos visando a implantação das melhores sugestões, visto que cada instituição conhece melhor seu público;

4) Preparar tarefeiros para essa tarefa específica, envolvendo os de maior conhecimento sobre a casa e sobre a doutrina, os mais calmos, pacientes, que melhor saibam se expressar etc.;

5) Buscar o envolvimento de todos os dirigentes, e trabalhadores da casa, pois, sem a participação de todos, o trabalho não terá a mesma eficiência, sabemos que 100% (cem por cento) não é possível, mas, o maior número viável de tarefeiros deve ser a meta.

Pensamos que para uma boa recepção é preciso um bom conhecimento dos postulados da doutrina espírita, e não devemos em hipótese alguma desistir por mais e maiores dificuldades que possam surgir, pois, os espíritos Superiores estarão nos dando todo apoio necessário para que triunfemos ao final da peleja.

Desde a entrada da casa espírita, já deve ter o visitante a saudação de boas-vindas, com um belo sorriso no rosto do tarefeiro, a entrega de uma mensagem contendo uma página edificante e ainda, se possível, com as atividades da casa no verso, o que facilitará em muito a tarefa de explicação do tarefeiro. Para uma boa recepção não é necessário quase nada, uma simples mesa na entrada da casa, que não atrapalhe o acesso das pessoas, ou mesmo o plantão permitido por uma escala de tarefeiros para cada dia de atividade da casa, para recepcionar quem chegue e distribuir as mensagens em pé mesmo. Os casos que precisem de uma palavra mais especializada, o plantonista encaminhará a pessoa a alguém também bem preparado para uma adequada orientação etc.

Chamamos a atenção para o fato de que é necessário que a pessoa responsável pela recepção tenha total conhecimento das atividades da casa e que se mantenha simpática em todos os momentos, pois, lembramos que a recepção é o primeiro contato do visitante com a nossa casa espírita ou mesmo com a doutrina espírita, e quase sempre é a primeira impressão que cativará ou afastará o indivíduo e muitos outros que por seu intermédio poderão chegar.

É, conveniente lembrar também, que se deve evitar lidar com dinheiro no local da recepção, pois, muitas vezes é na própria recepção que trabalhadores e freqüentadores da casa fazem doações ou pagamentos de alguma promoção beneficente promovida pelo grupo, o que deve ser em nossa modesta opinião feita na tesouraria da casa espírita em local adequado para tal atividade, pois, para as pessoas que chegam pela primeira vez ao centro espírita, pode causar estranheza e interpretações equivocadas sobre o motivo do recebimento do dinheiro.

Que Jesus nos abençoes e inspire, para que possamos ser dignos representantes seus, diante do ser que nos chegar à sua procura!
Francisco Rebouças


Tenha uma Ótima semana
Que Deus ilumine a todos nós e que estes temas tenham ,ajudado a todos irmãos fraternos  
Assinado :Katia Silene 


Paz e Luz a Todos 

O veneno da preocupação

O veneno da preocupação


Perante as nuvens de incertezas que amiúde escurecem o céu de nossas mais caras esperanças, o veneno da preocupação mal contida, freqüentemente, nos intoxica os delicados mecanismos da alma.

 Diante dela, tememos o que o futuro nos mostrará, ao mesmo tempo em que ignoramos a realidade do presente, perdendo inúmeras oportunidades de crescimento espiritual.

Ensejos de praticar a caridade, ajudar a familiares, socorrer a dor de necessitados, estudar lições edificantes do Evangelho de Jesus e tantos outros, que aparecem como luzes que a Clemência Divina nos coloca no caminho, visando nos conduzir ao reino de nossa redenção, são por nós ignorados, pois permanecemos com os olhos fechados para a nossa reforma íntima, nos preocupando em excesso com o futuro que ainda não conhecemos.

Quando o nobre espírito Hammed fala da preocupação no seu livro “As Dores da Alma” (1) nos alerta para essa postura equivocada. Pensar excessivamente no que há de vir pode se constituir num mecanismo de fuga para nossas responsabilidades do tempo atual. Quanto mais nos preocupamos com os problemas que teremos de enfrentar, e outros que apenas existem dentro de nossas mentes, menos agimos de forma útil no presente, acumulando maior soma de preocupações para os dias que se seguem. E quando deixamos este processo seguir de forma indiscriminada, acabamos assoberbados de dificuldades não resolvidas que têm como resultante inevitável muitos dos males emocionais dos tempos modernos, tais como a ansiedade, a depressão, esgotamentos nervosos, etc.

Qual a solução para que quebremos este círculo vicioso de preocupações? Busquemos na Doutrina Espírita as respostas e veremos que apenas o antídoto do trabalho e da coragem poderá nos curar da doença das preocupações excessivas. Trabalhemos no intuito de resolver os problemas que desafiam nossa tranqüilidade interior o mais rápido possível, e tenhamos coragem para enfrentarmos os desdobramentos que eles poderão apresentar, na certeza de que quanto mais adiarmos a resolução de nossas questões difíceis, mais complicadas elas se nos apresentarão futuramente.

Portanto, se não queremos nos “pré-ocupar” mentalmente com nenhum problema, nos cansando desnecessariamente, procuremos nos ocupar deles, resolvendo-os da melhor forma, angariando para nosso coração a tranqüilidade da consciência tranqüila e o galardão da fortaleza interior.
André Rabello


BIBLIOGRAFIA
(1) – AS DORES DA ALMA – FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO – DITADO PELO ESPÍRITO HAMMED. 

Corpo Espiritual (Perispírito)

Corpo Espiritual (Perispírito)




























RETRATO DO CORPO MENTAL -
 Para definirmos, de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque, na realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental (3) que lhe preside a formação.

Do ponto de vista da constituição e função em que se caracteriza na esfera imediata ao trabalho do homem, após a morte, é o corpo espiritual o veículo físico por excelência, com sua estrutura eletromagnético, algo modificado no que tange aos fenômenos genésicos e nutritivos, de acordo, porém, com as aquisições da mente que o maneja.

Todas as alterações que apresenta, depois do estágio berço-túmulo, verificam-se na base da conduta espiritual da criatura que se despede do arcabouço terrestre para continuar a jornada evolutiva nos domínios da experiência.

Claro está, portanto, que é ele santuário vivo em que a consciência imortal prossegue em manifestação incessante, além do sepulcro, formação sutil, urdida em recursos dinâmicos, extremamente porosa e plástica, em cuja tessitura as células, noutra faixa vibratória, à face do sistema de permuta visceralmente renovado, se distribuem mais ou menos à feição das partículas colóides, com a respectiva carga elétrica, comportando-se no espaço segundo a sua condição específica, e apresentando estados morfológicos conforme o campo mental a que se ajusta.

CENTROS VITAIS - Estudado no plano em que nos encontramos, na posição de criaturas desencarnadas, o corpo espiritual ou psicossoma é, assim, o veículo físico, relativamente definido pela ciência humana, com os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode perquirir e reconhecer.

Nele possuímos todo o equipamento de recursos automáticos que governam os bilhões de entidades microscópicas a serviço da Inteligência, nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios e milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução anímica.

É assim que, regendo a atividade funcional dos órgãos relacionados pela fisiologia terrena, nele identificamos o centro coronário, instalado na região central do cérebro, sede da mente, centro que assimila os estímulos do Plano Superior e orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada, nas cintas de aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário. O centro coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe obedecem ao impulso, procedente do Espírito, assim como as peças secundárias de uma usina respondem ao comando da peça-motor de que se serve o tirocínio do homem para concatená-las e dirigi-las.

Desses centros secundários, entrelaçados no psicossoma, e, conseqüentemente, no corpo físico, por redes plexiformes, destacamos o centro cerebral contíguo ao coronário, com influência decisiva sobre os demais, governando o córtice encefálico na sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glândulas endocrínicas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os neurônios sensitivos até as células afetoras; o centro laríngeo, controlando notadamente a respiração e a fonação; o centro cardíaco, dirigindo a emotividade e a circulação das forças de base; o centro esplênico, determinando todas as atividades em que se exprime o sistema hemático, dentro das variações de meio e volume sanguíneo; o centro gástrico, responsabilizando-se pela digestão e absorção dos alimentos densos ou menos densos que, de qualquer modo, representam concentrados fluídicos penetrando-nos a organização, e o centro genésico, guiando a modelagem de novas formas entre os homens ou o estabelecimento de estímulos criadores, com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre as almas.

CENTRO CORONÁRIO - Temos particularmente no centro coronário o ponto de interação entre as forças determinantes do espírito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas.

Dele parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta.

A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que a circundam, e o centro coronário incumbe-se automaticamente de fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as conseqüências felizes ou infelizes de sua movimentação consciencial no campo do destino.

ESTRUTURA MENTAL DAS CÉLULAS - É importante considerar, todavia, que nós, os desencarnados, na esfera que nos é própria, estudamos, presentemente, a estrutura mental das células, de modo a iniciarmo-nos em aprendizado superior, com mais amplitude de conhecimento, acerca dos fluidos que nos integram o clima de manifestação, todos eles de origem mental e todos entretecidos na essência da matéria primária, ou Hausto Corpuscular de Deus, de que se compõe a base do Universo Infinito.

CENTROS VITAIS E CÉLULAS - São os centros vitais fulcros energéticos quem sob a direção automática da alma, imprimem às células a especialização extrema, pela qual o homem possui no corpo denso, e detemos todos no corpo espiritual em recursos equivalentes, as células que produzem fosfato e carbonato de cálcio para a construção dos ossos, as que se distendem para a recobertura do intestino, as que desempenham complexas funções químicas no fígado, as que se transformam em filtros do sangue na intimidade dos rins e outras tantas que se ocupam do fabrico de substâncias indispensáveis à conservação e defesa da vida nas glândulas, nos tecidos e nos órgãos que nos constituem o cosmo vivo de manifestação.

Essas células que obedecem às ordens do Espírito, diferenciando-se e adaptando-se às condições por ele criadas, procedem do elemento primitivo, comum, de que todos provimos em laboriosa marcha no decurso dos milênios, desde o seio tépido do oceano, quando as formações protoplásmicas nos lastrearam as manifestações primeiras.

Tanto quanto a célula individual, a personalizar-se na ameba, ser unicelular que reclama ambiente próprio e nutrição adequada para crescer a reproduzir-se, garantindo a sobrevivência da espécie no oceano em que respira, os bilhões de células que nos servem ao veículo de expressão, agora domesticadas, na sua quase totalidade em funções exclusivas, necessitam de substâncias especiais, água, oxigênio e canais de exoneração excretória para se multiplicarem no trabalho específico que nosso espírito lhes traça, encontrando, porém, esse clima, que lhes é indispensável, na estrutura aquosa de nossa constituição fisiopsicossomática, a expressar-se nos líquidos extracelulares, formados pelo líquido intersticial e pelo plasma sanguíneo.

EXTERIORIZAÇÃO DOS CENTROS VITAIS - Observando o corpo espiritual ou psicossoma, desse modo, em nossa rápida síntese, como veículo eletromagnético, qual o próprio corpo físico vulgar, reconhecermos facilmente que, como acontece na exteriorização da sensibilidade dos encarnados, operada pelos magnetizadores comuns, os centros vitais a que nos referimos são também exteriorizáveis, quando a criatura se encontre no campo da encarnação, fenômeno esse a que atendem habitualmente os médicos e enfermeiros desencarnados, durante o sono vulgar, no auxílio a doentes físicos de todas as latitudes da Terra, plasmando renovações e transformações no comportamento celular, mediante intervenções no corpo espiritual, segundo a lei de merecimento, recursos esses que se popularizarão na medicina terrestre do grande futuro.

CORPO ESPIRITUAL DEPOIS DA MORTE - Em suma, o psicossoma é ainda corpo de duração variável, segundo o equilíbrio emotivo e o avanço cultural daqueles que o governam, além do carro fisiológico, apresentando algumas transformações fundamentais, depois da morte carnal, principalmente no centro gástrico, pela diferenciação dos alimentos de que se provê, e no centro genésico, quando há sublimação do amor, na comunhão das almas que se reúnem no matrimônio divino das próprias forças, gerando novas fórmulas de aperfeiçoamento e progresso para o reino do espírito.

Esse corpo que evolve e se aprimora nas experiências de ação e reação, no plano terrestre e nas regiões espirituais que lhe são fronteiriços, é suscetível de sofrer alterações múltiplas, com alicerces na adinamia proveniente da nossa queda mental no remorso, ou na hiperdinamia imposta pelos delírios da imaginação, a se responsabilizarem por disfunções inúmeras da alma, nascidas do estado de hipo e hipertensão no movimento circulatório das forças que lhe mantêm o organismo sutil, e pode também desgastar-se, na esfera imediata à esfera física, para nela se refazer, através do renascimento, segundo o molde mental preexistente, ou ainda restringir-se a fim de se reconstituir de novo, no vaso uterino, para a recapitulação dos ensinamentos e experiências de que se mostre necessitado, de acordo com as falhas da consciência perante a Lei.

Outros aspectos do psicossoma examinaremos quando as circunstâncias nos induzam a apreciar-lhe o comportamento nas regiões espirituais vizinhas da Terra, dentro das sociedades afins, em que as almas se reúnem conforme os ideais e as tarefas nobres que abraçam, ou segundo as culpas dilacerantes ou tendências inferiores em que se sintonizam, geralmente preparando novos eventos, alusivos às necessidades e problemas que lhes são peculiares nos domínios da reencarnação imprescindível.

(3) O corpo mental, assinalado experimentalmente por diversos estudiosos, é o envoltório sutil da mente, e que, por agora, não podemos definir com mais amplitude de conceituação, além daquela com que tem sido apresentado pelos pesquisadores encarnados, e isto por falta de terminologia adequada no dicionário terrestre. (Nota do Autor Espiritual)

Livro: Evolução em Dois Mundos




A Mente que não mente


A ortodoxia religiosa sempre andou preocupada com a eclosão de doutrinas reformistas e renovadoras que classifica sumariamente de heréticas. Essa vigilância tem levado a muita perseguição injusta e a não poucos arrependimentos e recuos.

 Alguns heréticos chegaram mesmo a passar da condição de réprobos à canonização, como Joana D’ Arc, quando foi revisto o seu processo. Outros, como Giodarno Bruno e Galileu, constituem até hoje pontos sensíveis na história eclesiástica, como pecados da juventude que não relembramos sem angústia.

O problema, porém, tornou-se muito mais sério nestes últimos tempos, nos quais o arcabouço teológico começa a estalar ao peso insuportável da modernização do pensamento. Ainda que a ciência também tenha seus dogmas e seus hereges, muito do que ela vai revelando adquire foros de conquista irreversível, geralmente em sacrifício de velhos conceitos superados.

Qualquer menino de ginásio sabe hoje que um corpo humano não pode subir ao céu como querem os dogmas da ascensão do Cristo e de Maria.

Mesmo admitindo-se a atuação de uma força propulsora que os projetasse para além da gravidade terrestre, os corpos assim deslocados, ficariam suspensos no espaço a circular na órbita da terra ou de seu satélite.

Esse tipo de conhecimento leva o homem moderno às trilhas da descrença por não saber como conciliar razão e fé. Os grandes filósofos do cristianismo ortodoxo conseguiram, com enorme sucesso e por largo espaço de tempo, convencer fiéis de que a fé era uma coisa e razão outra, e que aquela não poderia ser subordinada a esta.

Ainda há quem admita esse conceito absurdo; outros, porém, preferem pensar por sua própria cabeça e submeter à crítica da razão aquilo que lhes chega envolvido pela atmosfera abafada da teologia escolástica. Estes derivam para descrença e desanimam na busca da verdade ou partem para o estudo sistemático de qualquer sistema que ofereça alguma luz ao entendimento do universo.

O Espiritismo é a doutrina que conseguiu, pela primeira vez, conciliar fé e razão, não admitindo aquilo que não puder passar no teste do racionalismo inteligente e esclarecido.

Por isso vai se impondo metodicamente, seguramente, ampliando cada vez mais sua área de influência, pois atrai a todos aqueles que, sem poderem mais aceitar a velha crença divorciada da razão, estão prontos para acatar uma verdade superior que não exige o sacrifício do raciocínio. Mas ainda: o Espiritismo expõe uma doutrina do mais profundo sentido humanista. A sua racionalidade não a levou à frieza dos símbolos matemáticos ou dos meros conceitos filosóficos – é, antes, uma norma de vida, um roteiro para compreensão do universo e posicionamento do homem na escala cósmica.

Por isso, muitos nos procuram, o que preocupa, como é natural, os responsáveis pela perpetuação do superado sistema dogmático. Através dos séculos, chegou a ser desenvolvida uma verdadeira técnica de combate às novas idéias que ameaçam a estabilidade da ortodoxia. Essa técnica se aperfeiçoa com o passar do tempo, mas continua basicamente a mesma.

O Espiritismo é uma das doutrinas que muito vem incomodando a igreja especialmente a brasileira, ou seja, a porção brasileira do catolicismo romano. Para combatê-los, vários e ilustres sacerdotes têm sido investidos dos necessários poderes e dos competentes “Imprimatur” e “Nihil Obstat”. Essa é a técnica básica.

Há algum tempo, entretanto, a dominante do plano de ataque era a velha doutrina de interferência do diabo nas manifestações mediúnicas. Hoje isto seria inadmissível, pois até mesmo os sacerdotes já descobriram que essa história de demônio é fantasia pura. A prova está nas declarações de alguns eminentes teólogos perante o Concílio Vaticano-II. Impedidos assim de invocar o demônio de atacar a ciência nas suas conquistas mais legítimas, buscam qualquer princípio científico que ofereça a mínima possibilidade de apoio. Esse é o ponto em que variou a técnica.

Um dos recursos de que estão se socorrendo os nossos queridos irmãos sacerdotes é a Parapsicologia, na qual vêm depositando grandes e infundadas esperanças.

A Parapsicologia ainda não está muito segura de si e sofre dum renitente mal de origem, que poderíamos chamar, recorrendo ao velho grego, de pneumofobia, ou seja, medo do espírito. A jovem ciência que nós espíritas, poderíamos classificar como autêntica reencarnação da Metapsíquica, treme à idéia de acabar descobrindo o espírito humano e foge da palavra como, segundo se dizia, o desmoralizado diabo fugia da cruz. Os modernos tratados de Parapsicologia giram todos em torno do mesmo “leit motiv”: “O Alcance da Mente”, “O Novo Mundo da Mente”, “Ciência Fronteiriça da Mente”, “Canais Ocultos da Mente”. É tudo mente e nada de espírito. Sobrevivência?! Deus nos livre! Pois se nem quererem concordar em que o espírito exista, como vão admitir que sobrevive? Nada disso; tudo se explica pela faculdade extra-sensorial da mente. Mas que faculdade é essa e que “Mente” é essa?

Vêm, então, os nossos inevitáveis sacerdotes parapsicológicos deitar sabedoria extra-sensorial, contaminados irremediavelmente pela mesmíssima pneumofobia e tudo para eles é Mente também.

Topamos, assim, como esta incongruência, difícil de se admitir em homens que devem ter estudado a sua filosofia:

1 – a mente dispõe de faculdades extra-sensoriais (postulado cientifico que aceitam e ensinam);
2 – o espírito (alma) que não pode existir sem a mente; sobrevive à morte física (postulado teológico que também aceitam e pregam);
3 – a mente (ou espírito ou alma) não está sujeita a limitação de tempo ou de espaço (também pacífico).

No entanto, qual a conclusão: A mente do espírito sobrevivente que ligada ao corpo, tinha recursos tão notáveis, não pode manifestá-los quando se separa do corpo pela morte física, a não ser através do “milagre”(!).

E os livros que contam essas coisas merecem ingênuos e inadvertidos “Imprimatur” e “Nihil Obstat”, o que vale dizer que são aprovados, confiantemente para o leitor católico; autoridades Eclesiásticas respeitáveis dão cobertura do ponto de vista teológico a obras que, do ângulo científico, estão oferecendo uma visão deformada e incompleta da realidade. A Parapsicologia não tem substância suficiente para oferecer base à teologia ortodoxa e jamais a terá, enquanto permanecer contida nos seus gabinetes atuais.

No dia em que o mecanismo do espírito (chamem de mente se quiserem) for pesquisado por cientistas corajosos e despidos de preconceitos, vão ser “revelados” os seguintes pontos que o Espiritismo conhece há mais de cem anos:

1- que espírito existe, preexiste e sobrevive;
2- que há um intercâmbio ativo entre os homens que já viveram na Terra e os espíritos dos que vivem como homens;
3- que o espírito se reencarna, evolui e é responsável pelo que faz aqui e no mundo espiritual.

Diante disso, como é que vão ficar os nossos padres parapsicólogos? Quando voltarem para o espaço, depois da chamada “crise da morte” e quiserem transmitir a realidade da sobrevivência ao companheiro encarnado, este poderá dizer muito simplesmente que não é preciso admitir a comunicação espírita; basta a pantomnésia ou a hiperestesia direta, ou indireta. E o pobre espírito, dentro duma realidade irrecusável, irá amargar alhures a repercussão de sua vaidade teológica e científica.

A convivência conjugal

A convivência conjugal



Narra o evangelista João que uma das primeiras manifestações públicas de Jesus, revelando os seus poderes espirituais, ocorreu nas bodas de Caná, onde também estava presente a sua mãe. Consagrava, assim, o Mestre o valor e a importância do casamento e da constituição da família.

Também a Doutrina Espírita ressalta o valor e a necessidade para o próprio desenvolvimento do ser humano, não só em seu aspecto material, como, também, no espiritual o encontro do homem e da mulher no casamento.

Encontramos em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, o esclarecimento de que: "o casamento é um progresso na marcha da humanidade" e que "a abolição do casamento seria uma regressão à vida dos animais", conforme questões números 695 e 696.

A constituição da família começa, basicamente, com a formação do casal: marido e mulher.

A solidez e a continuidade do casamento dependem da convivência conjugal harmoniosa fundamentada na autenticidade, na honestidade e na compreensão de cada componente do par das suas possibilidades e limitações.

Ao longo dos séculos e dos milênios preponderou a posição do homem no comando da mulher e mesmo dos filhos.

Essa fase está marcada pelo predomínio da força física do homem, da mulher na função de procriadora e criadora, a sua dependência econômica do homem e usos e costumes que cerceavam a sua liberdade.

Porém, no processo contínuo da evolução do ser humano e da sociedade, o domínio do mundo exterior não depende mais da força física, a mulher teve reconhecidos muitos dos seus direitos (ainda que recentemente ) e ela tem possibilidade de não ser mais dependente economicamente do marido e ter exercício de sua cidadania, bem como os usos e costumes da sociedade mudaram muito, nos últimos cem anos.

O ambiente do lar mudou muito. Onde imperava o domínio do marido e a submissão da mulher, hoje deve existir a vivência democrática, quando direitos e deveres devem ser respeitados reciprocamente. No entanto, o homem ainda traz fortes traços culturais do "machismo" que, por incrível que pareça, começam a lhe ser inculcados pela própria mãe (o que acontece ainda hoje).

Desta forma, os conflitos entre os casais têm sido intensos, desgastantes e avassaladores para ambos e com terríveis conseqüências para os filhos.

O Mestre Jesus recomendou que "amássemos o próximo como a nós mesmos", e o próximo mais próximo de nós é a esposa ou o marido. Então o amor entre ambos é fundamental para a harmonia do lar; no entanto, temos que considerar que a palavra "amor" é muito ampla e não especifica como deve ser exercitado em cada situação em que a palavra é usada.

O sentimento do amor deve ser expresso de forma concreta em cada relacionamento humano e para exercê-lo é preciso atentar, muitas vezes, para coisas que parecem insignificantes, mas sem elas ele não será exercitado.

Assim, não só a religião indica-nos a excelência do amor, como também a Psicologia oferece-nos "dicas" para vivenciá-lo no dia-a-dia.

Quando surge um problema, para saber se estamos sabendo enfrentá-lo, se estamos "num beco sem saída" ou se é apenas uma questão transitória, os psicólogos propõem algumas pistas:

1. Se o conflito faz o marido ou a mulher ser rejeitado pelo outro.

2. Os dois falam sobre o problema, mas não atingem a solução.

3. Cada uma das partes ou mesmo uma só assume posição radical e não aceita ceder.

4. Quando falam sobre o problema, não alcançam a solução e permanecem frustrados e magoados.

5. Seus diálogos, e principalmente quando tratam do assunto, não revelam interesse de solução, nem de afetividade, menos, ainda, de bom humor.

6. No decorrer do tempo o casal se torna mais radical, passando a se ofender reciprocamente durante o diálogo.

7. A ofensa torna o clima entre os dois mais tenso, as posições mais arraigadas e conflitantes e cada vez mais difícil a conciliação e o entendimento.

8. No decorrer da crise, um se separa emocional e sentimentalmente do outro.

Sem dúvida é muito doloroso ver ou passar por tal situação, porém os psicólogos esclarecem que nem tudo está perdido. É possível superar as farpas e os obstáculos.

O bom caminho começa por um dividir com o outro os seus sonhos e anseios. A interminada e não saudável discussão sinaliza diferenças profundas entre o par, que necessita ser estudada e compreendida.

Algumas providências podem ser úteis:

1. Aprender a ouvir o parceiro.

2. Ao tratar com o parceiro sobre um problema é preciso moderação e inicialmente procurar controlar-se emocionalmente.

3. Embora mostrando o erro, revelar-se mais tolerante e compreensivo com o outro.

4. Aceitar, quando for o caso, a necessidade de reparação do erro ou da falha cometida, sendo consciente de que nenhum ser humano é perfeito e está a salvo de cometer erros.

5. Observar que seu parceiro quando discute é mais apaziguador do que você pensa, desde que você saiba o que e como escutar.

A Doutrina Espírita esclarece-nos que o homem e a mulher são Espíritos eternos que estão em um processo permanente de evolução. Nesse processo, às vezes, a convivência é difícil, mas é natural que assim seja, pois cada pessoa é diferente, tem pontos de vista diferente, sente e pensa diferente.

O importante é que, na diversidade, saibamos encontrar os pontos de diferença, e tanto quanto possível eles se constituam em pontos de encontro e de enriquecimento mental, intelectual, sentimental e espiritual de um para com o outro.

Vale lembrar, outrossim, que a formação e vivência espiritual é muito importante para essa harmonização do casal. Não basta ter religião, é preciso "ter religiosidade".

A oração e o estudo do Evangelho no lar constituem importante instrumento de entendimento e pacificação para o casal. Então estaremos tentando amar a nossa esposa ou o nosso marido, na realização do que ensinou Jesus: "Amai-vos uns aos outros".

Limitação de filhos

Limitação de filhos


Um assunto que, talvez, a gente precise debater mais, em nossos seminários espíritas, é o que trata da limitação de filhos e, obviamente, como conseqüência da limitação, o uso de preservativos vários com inevitáveis conseqüências para a saúde dos que deles se servem.

A matéria é polêmica até mesmo entre os espíritas. E penso que não deveria ser. A doutrina espírita já firmou sua posição. Não somente na obra principal – O Livro dos Espíritos, como nas obras mediúnicas que complementam o pensamento básico dos Espíritos, exposto por Kardec.

É princípio doutrinário a afirmação de que o acaso não existe; logo a vinda de um filho não é obra de acaso. É sim cumprimento de compromisso assumido antes de nosso mergulho na matéria. Foi na condição de Espírito em preparo de encarnação que assumimos o compromisso de, no momento certo, acolhermos os filhos programados para, juntos, darmos um passo a mais na nossa caminhada evolutiva. Decidimos isso, antes, quando tínhamos visão mais clara da vida, com vistas às nossas necessidades principais na nossa existência próxima.

Eis senão quando, aqui chegados, decidimos adiar o compromisso. Seja para aproveitar melhor a nossa vida social, seja por julgar que a vida está muito difícil, como se não tivéssemos por antecedência conhecimento das dificuldades que naturalmente iríamos encontrar nessa nova experiência. Algumas vezes alegamos dificuldades financeiras esquecidos de que o problema dos filhos é muito mais de Deus que os criou do que daqueles que, provisoriamente, assumem sua condição de pais terrenos.

Alega-se que o uso de preservativos apóia-se no direito ao livre arbítrio, mas livre arbítrio houve, também, antes, no mundo espiritual quando aceitamos a programação estabelecida para nossa existência terrena e exatamente quando tínhamos muito melhores condições de decidir.

É natural que os governos materialistas e ateus desfraldem a bandeira da limitação dos filhos e, mais grave, lutem para que se aprove a lei que autoriza o aborto. Eles desconhecem os princípios em que acreditamos. Eles se preocupam apenas com o que o erário irá gastar para o atendimento dos que nascem em termos de saúde, segurança e educação. Não entendem, nem querem entender a programação divina que usa a encarnação como meio essencial para crescimento do ser humano e aperfeiçoamento do planeta em que vivemos.

Kardec preocupou-se com o assunto e à sua indagação sobre as e leis e os costumes humanos que têm por fim ou por efeito criar obstáculos à reprodução, obteve a clara resposta dos mentores que o ajudaram na codificação do Espiritismo: "Tudo o que embaraça a Natureza em sua marcha é contrária às leis da Natureza."(1)

André Luiz, por sua vez, abordando a matéria, não deixa qualquer dúvida. Sobre os "casais que evitam filhos, mesmo os casais dignos e respeitáveis, sob todos os pontos de vista, que sistematizam o uso dos anticoncepcionais" ele é taxativo:

"Se não descambam para a delinqüência do aborto, na maioria das vezes, são trabalhadores desprevenidos que preferem poupar o suor, na fome de reconforto imediatista. Infelizmente, para eles, porém, apenas adiam realizações sublimes, às quais deverão fatalmente voltar, porque há tarefas e lutas em família que representam o preço inevitável de nossa regeneração. Desfrutam a existência, procurando inutilmente enganar a si mesmos, no entanto, o tempo espera-os, inexorável, dando-lhes a conhecer que a redenção nos pede esforço máximo. Recusando acolhimento a novos filhinhos, quase sempre programados para eles antes da reencarnação, emaranham-se nas futilidades e preconceitos das experiências de subnível para acordarem, depois do túmulo, sentindo frio no coração."(2)

(1) O Livro dos Espíritos, questão 693
(2) Ação e Reação, cap. 15, página 210

Não basta Compreender a Doutrina; é Preciso, Sobretudo, Assimilá-la

Não basta Compreender a Doutrina; é Preciso, Sobretudo, Assimilá-la

Não basta aceitar os princípios renovadores da Doutrina dos Espíritos. É preciso vivê-los. Todas as doutrinas são sistemas lógicos, acessíveis à compreensão intelectual. Desse ponto de vista, o Espiritismo pode ser compreendido por qualquer pessoa curiosa e de capacidade mental comum. Trata-se de uma doutrina clara, baseada em princípios de fácil assimilação, embora por baixo dessa simplicidade existam problemas complexos, de ordem científica e filosófica. É tão fácil compreendê-lo, desde que se estude criteriosamente as suas obras básicas.

A simples compreensão de uma doutrina, porém, não implica a sua vivência. Além de compreendê-la, temos de senti-la. Somente quando compreendemos e sentimos o Espiritismo, quando o incorporamos à nossa personalidade, quando o assimilamos profundamente em nosso ser, é que podemos vivê-lo. Daí a razão de Allan Kardec ter afirmado a existência de vários tipos de espíritas, concluindo que “o verdadeiro espírita se conhece pela sua transformação moral”. Espiritismo compreendido e vivido transforma moralmente o homem.

Viver o Espiritismo, entretanto, não é viver no meio espírita, fazendo ou freqüentando sessões, lendo obras doutrinárias ou ouvindo conferências. Pode fazer-se tudo isso, e ainda mais, - pode-se até mesmo gastar muito dinheiro e tempo em obras de assistência social, - atendendo apenas à compreensão intelectual da doutrina, sem vivê-la. Porque viver o Espiritismo é pautar todas as ações pelos princípios doutrinários. É moldar a conduta pela doutrina. É agir, em todas as ocasiões, como o verdadeiro espírita de que fala Allan Kardec.

Ainda neste ponto, porém, é necessário lembrar que não basta a conduta externa. Não basta a aparência. Nada mais avesso, aliás, às aparências, do que o Espiritismo. Anti-formal por excelência, contrário aos convencionalismos sociais e religiosos, o Espiritismo, como dizia Kardec: “é uma questão de fundo e não de forma”. Por isso mesmo, não podemos vivê-lo de maneira externa. Antes da conduta exterior, temos de reformar a nossa conduta interna, modificar nossos hábitos mentais e verbais. Pensar, falar e agir de acordo com os princípios renovadores da moral espírita, que é a própria moral evangélica, racionalmente esclarecida pela Doutrina do Consolador.

Surge ainda uma dificuldade, que devemos tentar esclarecer. Chegados a este ponto, muita gente nos perguntará, como sempre acontece, quando falamos a respeito: “O espírita deve então sujeitar-se rigidamente a um molde doutrinário?” Não, pois se assim fizesse estaria impedindo o seu livre desenvolvimento moral. Quando falamos em “moldar a conduta”, fazêmo-lo num sentido de orientação, nunca de esquematização. O espírita deve ser livre, pois, como acentuava o apóstolo Paulo “onde não há liberdade não está o Espírito do Senhor”. Só a liberdade dá responsabilidade, e só a responsabilidade produz a verdadeira moral.

Ao procurar viver o Espiritismo, devemos portanto evitar as atitudes formais que conduzem ao artificialismo, e conseqüentemente à mentira e à hipocrisia. Como se vê, esse é o caminho contrário ao da Doutrina dos Espíritos, é o caminho tortuoso da Doutrina dos Homens, no plano mundano. Devemos ser naturais. E como modificar a nossa natureza inferior, sendo naturais? Primeiro, compreendendo que temos essa natureza inferior e precisamos modificá-la, o que fazemos pela compreensão da doutrina; depois, sentindo a necessidade de modificá-la, o que fazemos pela assimilação emocional da doutrina. Nossa transformação moral deve começar de dentro, e não de fora. Dos pensamentos e sentimentos, e não das atitudes exteriores. Deve ser uma transformação para Deus ver, não para os homens verem.

A falta de compreensão desse problema leva muitos espíritas a posições incômodas dentro da doutrina, e o que é pior, a posições comprometedoras para o movimento doutrinário. E leva também a lamentáveis confusões, principalmente no tocante ao problema religioso. Quando compreendemos, porém, que o Espiritismo não é somente um sistema doutrinário para assimilação intelectual, mas que é sobretudo, vida, norma de vida, e principalmente, seiva renovadora da vida humana na terra, então compreendemos que não é possível separar-se, dos seus aspectos científicos e filosóficos, o seu poderoso aspecto religioso. Lembremos ainda o que dizia Kardec, ou seja, que o Espiritismo é forte justamente por afirmar e esclarecer as mesmas verdades fundamentais da religião

A devoção aos santos no Catolicismo é o maior atestado de reconhecimento do Espiritismo

A devoção aos santos no Catolicismo é o maior atestado de reconhecimento do Espiritismo



A devoção a determinados santos (Santo Expedito, São Judas, São Jorge, Nossa Senhora Aparecida, Frei Galvão etc) é um fenômeno sociológico que merece reflexão.

Milhares de fiéis rendem homenagens a eles (imagens, santinhos, amuletos e faixas nas ruas), servindo para lembrar a memória e, o que deve mais chamar a atenção, querendo retribuir uma graça ou favor alcançado (oito milhões de pessoas por ano vão ¨fazer agradecimentos¨ na cidade de Aparecida, SP).

O ENTENDIMENTO ESPÍRITA
O Espiritismo não fica indiferente a esse fenômeno social. O Catolicismo se arroga no direito de beneficiar-se da situação, que na verdade nada tem a ver com religião. O fato de milhões de pessoas irem a uma certa Igreja, com o nome de determinado Santo, num certo dia, deve ser interpretado como uma forma do devoto querer retribuir uma ajuda espiritual recebida, como ele entende, não significando que ele seja seguidor do Catolicismo e siga seus postulados. O detalhe que chama a atenção é que os beneficiados alimentam a crença de que um determinado Santo seja o responsável pela satisfação dos benefícios.

Uma pergunta que surge é por que admitir que um único Espírito responda pela atuação nos detalhes do cotidiano de milhões de crentes? Quem admitisse isso reconheceria que determinado Espírito dispõe de inimagináveis e incompreensíveis recursos que lhe confeririam uma Onisciência Divina, lhe dando a capacidade de favorecer milhões de pessoas ao mesmo tempo, em diferentes lugares.

Neste ponto, o Espiritismo, em O Livro dos Espíritos, questões 490 e ss, esclarece que todas as pessoas têm um Espírito protetor, com a tarefa de guiar o protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida e ampará-lo no que for possível. Também chamado Anjo da Guarda, ou Guia Espiritual, este Espírito acompanha o tutelado desde o nascimento até a morte deste e, muitas vezes, o acompanha mesmo depois da morte.

Considerando isso, o fato de alguém evocar o nome de determinado Santo, quando está em necessidade, e por qualquer razão o pedido é satisfeito, isto não quer dizer que houve atuação espiritual do Espírito evocado. Devemos lembrar que os Espíritos protetores, que acompanham cada pessoa, e que a todo o tempo nos cercam, atuam sempre, pouco importando que os créditos da ajuda espiritual fiquem em nome de outro, pois eles humilde e anonimamente estão interessados em nos auxiliar, e isto o que importa. Se o pensamento de alguém foi educado a evocar o nome de um Santo qualquer em situações de necessidade, este nome ficará com o crédito do auxílio que porventura ocorra.

Parece mais racional admitir que a ajuda espiritual que eventualmente se receba, quando é possível ser oferecida, seja do Espírito Protetor que nos acompanha sempre (e que nem sabemos seu nome), do que admitir que esta ajuda espiritual seja de um único Espírito, que teria a tarefa de ajudar milhões de pessoas, de diversas cidades e países.

A pessoa que orou muito para que o fato acontecesse, e se o fato ocorre mesmo, o favorecido percebe a resposta espiritual de suas súplicas e ninguém conseguirá convencê-la que o responsável pelo favor alcançado tenha sido um ser diferente ao que ele recorreu.

Outro aspecto que deve ser lembrado é que quem defendesse ser determinado Santo quem satisfizesse esses desejos imediatos da vida, estaria admitindo que ele, no além-túmulo, nada tem a fazer, passando a vida ocupado só em resolver as questiúnculas materiais de milhões de fiéis encarnados na Terra, no gozo de uma Onisciência Divina e de uma ociosidade ainda não explicados. Mesmo no meio espírita existe algo parecido, com os Espíritos Bezerra de Menezes, Meimei, Scheilla, Batuíra, Frei Fabiano, Joanna de Ângelis, Emmanuel etc, onde são sempre eles a receberem os créditos da ajuda espiritual.

De modo algum pretendendo tirar o prestígio popular destes Santos ou Espíritos, diríamos que os crentes que se dizem devotos deles, se algum dia mereceram receber alguma ajuda espiritual, acreditamos que tenha sido de seus Guias Espirituais, os Espíritos Protetores, entendimento que não deve servir para diminuir a afeição que certas pessoas possam votar a um Santo ou a um Espírito qualquer.

Fica o convite para que busquemos estreitar os laços de afeição com nossos devotados Espíritos Protetores, estabelecendo contatos de gratidão sempre, pois necessário reconhecer que o número de dádivas recebidas na vida é muito superior à quantidade de prejuízos, e busquemos valorizar mais as bênçãos do que os desgostos.

Oportuno lembrar uma curiosidade cômica, que ilustra bem o tema. Um homem se encontrava num avião, em perigo de cair, fazendo um apelo fervoroso a "São Francisco", para que evitasse a queda da aeronave. Surgiu uma grande mão no Céu, numa atitude de segurar o avião, e o homem ouviu uma voz espiritual dizendo: "Você chamou São Francisco de Assis ou São Francisco Xavier?". O homem respondeu: "Chamei São Francisco de Assis." A voz respondeu: "Sinto muito, foi engano; sou São Francisco Xavier". E a mão que saiu do Céu, para salvar o avião, desapareceu totalmente, deixando que ele caísse!!!

DIVORCIO E EMOÇÕES Para reportar sobre o divórcio, obrigatoriamente, tem-se que considerar o casamento, definido como a união solene entre duas pessoas de sexos diferentes, com legitimação religiosa e/ou civil (1) e algumas das bases de sua sustentação. Casamento: valores, responsabilidades, amor e sexo Para Kardec (2): “o casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna”. Emmanuel (3) reporta que “o matrimônio na Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções, tomadas na vida do Infinito, antes da reencarnação dos espíritos, razão pela qual os consórcios humanos estão previstos na existência dos indivíduos, no quadro das provas expiatórias, ou no acervo de valores das missões que regeneram e santificam”. Isso está concordante com que André Luiz (4) diz: “ninguém se reúne em casamento humano, no mundo, sem o vínculo do passado, e esse vínculo, quase sempre, significa débito do Espírito ou compromisso vivo e delongado no tempo”. É uma nova etapa na vida e deve ser encarado como uma experiência para adquirir valores que, de modo algum, são produtos ou imposições de ordem social, mas, sim, frutos da manifestação do espírito, para se adaptar às leis da vida. O engrandecimento do espírito está na direta razão da ampliação e compreensão desses valores, adquiridos nas diferentes fases da vida. O casamento é também um ato de responsabilidade e esta é imperiosa, implica o interesse, o desejo, a vontade, os valores e as ações do ser encarnado, num encadeamento que deve ser positivo. O balaústre principal do matrimônio é o amor, que pode ser definido como a somatória de todos os sentimentos que estruturam o pensamento para a liberação de uma energia, a guiar para o sentido do bem e a dirigir para as formas superiores da vida. Não se pode confundir o amor com o sexo. Este é apenas uma função construtora do comportamento, resultante das forças que atuam sobre ele que, se não forem as do amor, não visam o bem, e passa a ser experienciado como algo não construtivo para o espírito que, na sua marcha evolutiva, terá que se corrigir. No casamento, o sexo deve ter o sentido de troca, positiva e duradoura, de sensações (da matéria) e vibrações fluídicas (do espírito), acasaladas sempre com o sentimento do amor. É o corpo e a alma indissociáveis, mas equilibrados. André Luiz (5) nos enriquece, quando diz: “o instinto sexual não encontra a alegria completa senão com outro ser que demonstre plena afinidade, porquanto sobre a liberação de energia, do ponto de vista emotivo, solicita compensação de força igual, na escala das vibrações magnéticas”. Entendemos, assim, que o amor e o sexo são energias que entram na associação dos seres humanos, são faculdades do espírito e devem ser vividas com responsabilidade, segundo os valores que dirigem o espírito às conquistas superiores. O matrimônio deve ser, para os cônjuges, um equilíbrio das forças do corpo e das forças da alma. No mundo materialista, adquirir esse equilíbrio tem sido difícil para a maioria, pois, ora a parte física fala mais alto, ora a parte espiritual reclama a ausência dessa união, através da própria consciência, ao acusar tal desequilíbrio. Diante dessa desarmonia, faltará a solidariedade fraterna, citada por Kardec. Divórcio e a Saúde Emocional Divórcio significa a dissolução do vínculo matrimonial (1). Para Kardec (6): “é a lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado”. Na prática psiquiátrica de longos anos, notamos que os casamentos constituídos, que não consideraram os ensinamentos da Lei do Amor, por qualquer motivo, ocorrendo à deserção de um, ou dos dois cônjuges, do dever a cumprir, foram fontes de intensos sofrimentos, chegando a ocasionar sérios distúrbios emocionais. São os chamados casamentos infelizes. Quanto aos divórcios, observamos que ocorreram por consórcios realizados visando fatores desfavoráveis, tanto materiais como espirituais (catalogados assim, quando o médico tem uma visão espiritista). Como fatores materiais, os mais comuns são: interesses pessoais, independência do jugo paterno, instabilidade financeira, atração física somente, agressões, infidelidade, doenças e outros. Dentre os fatores espirituais, e podemos chamá-los de psicoespirituais, numeramos: a imaturidade, necessidade de afirmação, instabilidade e doença emocional, falta de senso moral, falta de conhecimento e seguimento das leis de Deus. Ressaltamos que o orgulho, a vaidade, a prepotência e o egoísmo imperaram dentro de todos esses fatores. Nem todo casal passa por perturbações significativas, frente à separação, quando a encaram de forma responsável e com a consciência das suas próprias limitações e condições biopsicoespirituais; mas, o divórcio foi a causa de sérios distúrbios emocionais em um ou nos dois cônjuges, mais comumente naquele que não desejava o rompimento. Os sintomas psicopatológicos foram os mais variáveis. Sobressaíram os depressivos, onde a tristeza e a baixa autoestima, associados a outros sintomas negativos, mostraram todo o sofrimento da alma, pela insegurança, desesperança, perda da fé, desconfiança, angústia, culpa, mágoa, arrependimento, raiva, vingança e a falta do perdão. Não raramente defrontamos com ideias suicidas. Os sintomas apareceram, em alguns casos, também no cônjuge que pediu a separação, quando se arrependeu do ato cometido; comumente, sintomas depressivos, decorrentes da culpa e arrependimento. Além dos cônjuges, muitos filhos de casamentos desfeitos também sofreram os seus efeitos e os transtornos apareceram em larga escala e estavam diretamente ligados com a idade. Os mais comuns: baixo rendimento escolar, insegurança, ações violentas, delinquência, vícios, depressão e isolamento. Dificilmente uma criança ou adolescente mostraram a capacidade para entender o ocorrido, evidentemente por lhe faltar maturidade. Para os sintomas intensos, tornou-se necessário o tratamento psicofarmacológico, para amenizá-los. Combatemos os efeitos (sintomas), mas não a causa (o que provoca os sintomas). Para o tratamento da causa, procuramos levar o indivíduo a reconhecer que o seu sofrimento decorre de uma situação construída com a sua participação. Procurar, na psicoterapia, ajudá-lo nessa conscientização e rever suas atitudes perante a vida, os seus valores, as responsabilidades, os sentimentos e suas imperfeições, e como contribuíram para o seu divórcio. Numa etapa seguinte, já com um ajustamento da visão sobre a situação, levá-lo a programar uma nova forma de viver (reprogramação), a partir das recordações experienciadas e agora aprendidas. Visão da Doutrina Espírita A Doutrina Espírita não vê o divórcio contrário à lei de Deus, mas como uma lei humana, que é aplicada quando os cônjuges desconsideraram a lei divina, transgrediram-na, deixaram de cumprir as promessas e faltaram com a responsabilidade, dentro daquilo que escolheram, pelo livre-arbítrio. Assim, os envolvidos terão débitos, como acontece para todo ato irresponsável praticado na vida. André Luiz (7) nos ensina: “os matrimônios terrestres se efetuam na base de programas de trabalho previamente estabelecidos, seja em questão de benefício geral ou de provas legítimas, mas o divórcio é dificultado, nas esferas superiores, por todos os meios lícitos; contudo, em muitos casos é permitido e prestigiado...” Reporta, ainda, André Luiz (4): “o homem e a mulher podem provocar o divórcio e obtê-lo, como sendo o menor dos piores males que lhes possam acontecer... Ainda assim, não se liberam da dívida em que se acham incursos, cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo seja oportuno”. José Luiz Condotta Bibliografia 1- Minidicionário Aurélio. 2- Kardec. A. O Livro dos Espíritos.167ª ed. Araras: IDE,2006. 3- Xavier F.C. (Espírito Emmanuel). O Consolador. 28ª ed. FEB, 2008. 4- Xavier F.C. (Espírito André Luiz). Ação e Reação. 27ª ed. FEB, 2006. 5- Xavier F.C., Vieira W. (Espírito André Luiz). Evolução em Dois Mundos. 24ª ed. FEB,2006. 6- Kardec A. O Evangelho segundo o Espiritismo.17ª ed. São Paulo: Lake,1978. 7- Xavier F.C. (Espírito André Luiz). Sexo e Destino. 32ª ed. Rio de Janeiro: FEB,2007

DIVORCIO E EMOÇÕES



Para reportar sobre o divórcio, obrigatoriamente, tem-se que considerar o casamento, definido como a união solene entre duas pessoas de sexos diferentes, com legitimação religiosa e/ou civil (1) e algumas das bases de sua sustentação.
Casamento: valores, responsabilidades, amor e sexo

Para Kardec (2): “o casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna”. Emmanuel (3) reporta que “o matrimônio na Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções, tomadas na vida do Infinito, antes da reencarnação dos espíritos, razão pela qual os consórcios humanos estão previstos na existência dos indivíduos, no quadro das provas expiatórias, ou no acervo de valores das missões que regeneram e santificam”.

Isso está concordante com que André Luiz (4) diz: “ninguém se reúne em casamento humano, no mundo, sem o vínculo do passado, e esse vínculo, quase sempre, significa débito do Espírito ou compromisso vivo e delongado no tempo”. É uma nova etapa na vida e deve ser encarado como uma experiência para adquirir valores que, de modo algum, são produtos ou imposições de ordem social, mas, sim, frutos da manifestação do espírito, para se adaptar às leis da vida. O engrandecimento do espírito está na direta razão da ampliação e compreensão desses valores, adquiridos nas diferentes fases da vida.

O casamento é também um ato de responsabilidade e esta é imperiosa, implica o interesse, o desejo, a vontade, os valores e as ações do ser encarnado, num encadeamento que deve ser positivo.

O balaústre principal do matrimônio é o amor, que pode ser definido como a somatória de todos os sentimentos que estruturam o pensamento para a liberação de uma energia, a guiar para o sentido do bem e a dirigir para as formas superiores da vida. Não se pode confundir o amor com o sexo. Este é apenas uma função construtora do comportamento, resultante das forças que atuam sobre ele que, se não forem as do amor, não visam o bem, e passa a ser experienciado como algo não construtivo para o espírito que, na sua marcha evolutiva, terá que se corrigir. No casamento, o sexo deve ter o sentido de troca, positiva e duradoura, de sensações (da matéria) e vibrações fluídicas (do espírito), acasaladas sempre com o sentimento do amor. É o corpo e a alma indissociáveis, mas equilibrados. André Luiz (5) nos enriquece, quando diz: “o instinto sexual não encontra a alegria completa senão com outro ser que demonstre plena afinidade, porquanto sobre a liberação de energia, do ponto de vista emotivo, solicita compensação de força igual, na escala das vibrações magnéticas”.

Entendemos, assim, que o amor e o sexo são energias que entram na associação dos seres humanos, são faculdades do espírito e devem ser vividas com responsabilidade, segundo os valores que dirigem o espírito às conquistas superiores.

O matrimônio deve ser, para os cônjuges, um equilíbrio das forças do corpo e das forças da alma. No mundo materialista, adquirir esse equilíbrio tem sido difícil para a maioria, pois, ora a parte física fala mais alto, ora a parte espiritual reclama a ausência dessa união, através da própria consciência, ao acusar tal desequilíbrio. Diante dessa desarmonia, faltará a solidariedade fraterna, citada por Kardec.

Divórcio e a Saúde Emocional

Divórcio significa a dissolução do vínculo matrimonial (1). Para Kardec (6): “é a lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado”.

Na prática psiquiátrica de longos anos, notamos que os casamentos constituídos, que não consideraram os ensinamentos da Lei do Amor, por qualquer motivo, ocorrendo à deserção de um, ou dos dois cônjuges, do dever a cumprir, foram fontes de intensos sofrimentos, chegando a ocasionar sérios distúrbios emocionais. São os chamados casamentos infelizes. Quanto aos divórcios, observamos que ocorreram por consórcios realizados visando fatores desfavoráveis, tanto materiais como espirituais (catalogados assim, quando o médico tem uma visão espiritista).

Como fatores materiais, os mais comuns são: interesses pessoais, independência do jugo paterno, instabilidade financeira, atração física somente, agressões, infidelidade, doenças e outros. Dentre os fatores espirituais, e podemos chamá-los de psicoespirituais, numeramos: a imaturidade, necessidade de afirmação, instabilidade e doença emocional, falta de senso moral, falta de conhecimento e seguimento das leis de Deus. Ressaltamos que o orgulho, a vaidade, a prepotência e o egoísmo imperaram dentro de todos esses fatores.

Nem todo casal passa por perturbações significativas, frente à separação, quando a encaram de forma responsável e com a consciência das suas próprias limitações e condições biopsicoespirituais; mas, o divórcio foi a causa de sérios distúrbios emocionais em um ou nos dois cônjuges, mais comumente naquele que não desejava o rompimento.

Os sintomas psicopatológicos foram os mais variáveis. Sobressaíram os depressivos, onde a tristeza e a baixa autoestima, associados a outros sintomas negativos, mostraram todo o sofrimento da alma, pela insegurança, desesperança, perda da fé, desconfiança, angústia, culpa, mágoa, arrependimento, raiva, vingança e a falta do perdão. Não raramente defrontamos com ideias suicidas.

Os sintomas apareceram, em alguns casos, também no cônjuge que pediu a separação, quando se arrependeu do ato cometido; comumente, sintomas depressivos, decorrentes da culpa e arrependimento.

Além dos cônjuges, muitos filhos de casamentos desfeitos também sofreram os seus efeitos e os transtornos apareceram em larga escala e estavam diretamente ligados com a idade. Os mais comuns: baixo rendimento escolar, insegurança, ações violentas, delinquência, vícios, depressão e isolamento. Dificilmente uma criança ou adolescente mostraram a capacidade para entender o ocorrido, evidentemente por lhe faltar maturidade.

Para os sintomas intensos, tornou-se necessário o tratamento psicofarmacológico, para amenizá-los. Combatemos os efeitos (sintomas), mas não a causa (o que provoca os sintomas). Para o tratamento da causa, procuramos levar o indivíduo a reconhecer que o seu sofrimento decorre de uma situação construída com a sua participação. Procurar, na psicoterapia, ajudá-lo nessa conscientização e rever suas atitudes perante a vida, os seus valores, as responsabilidades, os sentimentos e suas imperfeições, e como contribuíram para o seu divórcio. Numa etapa seguinte, já com um ajustamento da visão sobre a situação, levá-lo a programar uma nova forma de viver (reprogramação), a partir das recordações experienciadas e agora aprendidas.

Visão da Doutrina Espírita

A Doutrina Espírita não vê o divórcio contrário à lei de Deus, mas como uma lei humana, que é aplicada quando os cônjuges desconsideraram a lei divina, transgrediram-na, deixaram de cumprir as promessas e faltaram com a responsabilidade, dentro daquilo que escolheram, pelo livre-arbítrio. Assim, os envolvidos terão débitos, como acontece para todo ato irresponsável praticado na vida.

André Luiz (7) nos ensina: “os matrimônios terrestres se efetuam na base de programas de trabalho previamente estabelecidos, seja em questão de benefício geral ou de provas legítimas, mas o divórcio é dificultado, nas esferas superiores, por todos os meios lícitos; contudo, em muitos casos é permitido e prestigiado...” Reporta, ainda, André Luiz (4): “o homem e a mulher podem provocar o divórcio e obtê-lo, como sendo o menor dos piores males que lhes possam acontecer... Ainda assim, não se liberam da dívida em que se acham incursos, cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo seja oportuno”.

José Luiz Condotta

Bibliografia

1- Minidicionário Aurélio.
2- Kardec. A. O Livro dos Espíritos.167ª ed. Araras: IDE,2006.
3- Xavier F.C. (Espírito Emmanuel). O Consolador. 28ª ed. FEB, 2008.
4- Xavier F.C. (Espírito André Luiz). Ação e Reação. 27ª ed. FEB, 2006.
5- Xavier F.C., Vieira W. (Espírito André Luiz). Evolução em Dois Mundos. 24ª ed. FEB,2006.
6- Kardec A. O Evangelho segundo o Espiritismo.17ª ed. São Paulo: Lake,1978.
7- Xavier F.C. (Espírito André Luiz). Sexo e Destino. 32ª ed. Rio de Janeiro: FEB,2007

Lei de Causa e Efeito x Lei de ação e reação

Lei de Causa e Efeito x Lei de ação e reação



Todos nós vivemos neste universo infinito, criado por Deus, o nosso Pai. Consequentemente, tudo e todos estão sujeitos às Leis de Deus (ou como ainda falam alguns: às leis da natureza). Essa verdade é muito bem explicada pelos ensinamentos espíritas, particularmente, através dos seguintes livros da Codificação Espírita (i.e., o Pentateuco Espírita), a saber: O Livro dos Espíritos (Livro Primeiro – das Causas) e A Gênese (Capítulo II).

Uma dessas “leis naturais” é a conhecida Lei de Ação e Reação, a famosa terceira lei de Newton. Tal lei nos ensina que: para toda força aplicada de um objeto para outro objeto, existirá outra força de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto. Em outras palavras, a Lei de Ação e Reação nos diz que, para cada ação, existirá uma reação oposta e de mesma intensidade. É oportuno salientar que as Leis de Newton são somente aplicáveis para os movimentos nos quais as velocidades dos objetos/corpos em deslocamento são bem menores do que a velocidade da luz. Por essa razão, a Física Quântica e a Teoria da Relatividade estão sendo usadas para a compreensão dos movimentos de objetos/corpos nos mundos microcósmico e macrocósmico. Em resumo, a própria lei de ação e reação não é adequada para descrever certos fenômenos, na esfera material dentro do planeta Terra.

Uma outra lei natural é a Lei de Causa e Efeito, a qual não foi descoberta, mas revelada para todos nós, de forma verossímil, através da Doutrina Espírita, no século XIX. Essa lei é bem discutida nos livros da Codificação Espírita, sobretudo nos seguintes livros: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Céu e o Inferno. O conhecimento da Lei de Causa e Efeito é bastante importante para que possamos compreender o amor de Deus. Em verdade, o entendimento claro e racional dessa lei tem o potencial de fazer com que nós ajamos em concordância com o Amor. Em outras palavras, a compreensão da Lei de Causa e Efeito pode nos ajudar a tomarmos decisões sábias, em nossas existências, e, consequentemente, a evoluirmos de forma mais eficiente.

Considerando, portanto, essas duas leis e suas “similaridades”, é comum escutarmos frases, como estas: A Lei de Causa e Efeito é a mesma coisa que a Lei de Ação e Reação, aquela lei de Isaac Newton. Para falar a verdade, a Lei de Causa e Efeito é um exemplo prático da Lei de Ação e Reação, pois nada é por acaso. Baseados nisso, podemos nos perguntar: i) essas leis são sinônimas? ii) se são, por que são? iii) se não são, qual é a implicação direta e/ou indireta de se pensar que essas leis são iguais? iv) qual é a relação entre essas duas leis?

Esses tipos de questionamentos podem ser bastante comuns, especialmente quando se está começando a estudar os ensinamentos do Espiritismo. Tendo isso em mente, nós devemos sempre relembrar o que o Espírito de Verdade nos disse: Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. É interessante observar que o Espírito de Verdade incluiu um segundo mandamento: a instrução, que claramente não é mais importante que o Amor, contudo deve também ser um objetivo de todos nós, espíritas.

Sir Isaac Newton publicou o seu trabalho sobre as Leis do Movimento, em 1687. Já a ideia sobre a Lei de Causa e Efeito nos foi dada no século XIX, com o advento do Espiritismo. Dessa forma, é razoável pensarmos que a maioria de nós é (ou era) possivelmente mais familiarizada com a Lei de Ação e Reação do que com a Lei de Causa e Efeito. Isso pode ser afirmado, levando-se em consideração que todos nós somos seres imortais e, sendo assim, já ouvimos falar e aprendemos sobre a Lei de Ação e Reação muito mais que sobre a Lei de Causa e Efeito.

Sendo assim, poderíamos dizer que o entendimento da Lei de Causa e Efeito é algo razoavelmente novo, aqui na Terra. Além do mais, o seu conceito é ainda “restrito”, ou melhor, mais e melhor difundido entre nós, espíritas. Seguindo essa linha de pensamento, muitos de nós, quando iniciamos os nossos estudos espíritas, muito possivelmente, ao aprendermos novos conceitos (incluindo a Lei de Causa e Efeito), fazemos comparações, analogias, associações etc., a fim de que possamos tê-los mais claros, em nossas mentes. Por exemplo, é muito comum, durante o processo de aprendizagem, usar um objeto de comparação, para poder explicar o objeto de estudo.

Seguindo esse pensamento, o objeto de estudo é a Lei de Causa e Efeito, e o objeto de comparação é a Lei de Ação e Reação. Apesar da associação entre essas duas leis ser feita durante a aprendizagem, não é correto dizer que as mesmas sejam as mesmas leis. Ao dizer que essas duas leis são a mesma coisa, estamos a assumir que o objeto de estudo é a mesma coisa que o objeto de comparação e vice-versa. Tal afirmativa pode nos levar a perceber a sentença “nada é por acaso”, de forma incorreta. Como consequência disso, existe uma possibilidade de se criar uma “teoria de fatalismo divino”, a qual não tem nada a ver com os ensinamentos espíritas. É recomendável a leitura do Capítulo 10 (Lei de Liberdade), de O Livro dos Espíritos.

Por essa razão, é correto afirmar que a Lei de Causa e Efeito não é a Lei de Ação e Reação. Claramente, tais leis têm um princípio semelhante: entretanto são leis diferentes. A semelhança entre essas leis se baseia no fundamento de que, para cada ação, existirá uma reação; i.e., para cada causa, tem-se um efeito. Esse fundamento é algo lógico, para tudo na vida; entretanto, as maneiras como a Lei de Causa e Efeito e a lei de ação e reação se processam são completamente diferentes. A Tabela 1 resume as principais diferenças entre essas duas leis.

Tabela 1: Principais diferenças entre a Lei de Causa e Efeito e a Lei de Ação e Reação

Lei de Ação e Reação; Lei de Causa e Efeito

Natureza; Binária; Não-binária

Característica; Lei física; Lei moral (lei não-física)

Processo; Não-complexo; Complexo

Predictabilidade; Determinado; Variável

Aplicabilidade; Corpos/objetos dentro de certas condições, no mundo material, no planeta Terra; Relações intrapessoais e interpessoais, em ambos os mundos, material espiritual, não só na Terra, como possivelmente no Universo como um todo.

Dependência do Tempo; Imediata; Variável

Fatores de dependência; Limitada; Muitos

Como é possível observar, as duas leis são completamente diferentes. Sendo assim, nós devemos estar cientes disso. Isso é oportuno de ser dito, porque nada é por acaso, mas cada caso é um caso.

Seguindo, então, essa lógica, nós não devemos tentar “adivinhar” as possíveis causas dos efeitos, sobretudo, quando as circunstâncias são completamente desconhecidas e, em especial, se o conhecimento dessas causas não nos adicionará algo de importante para a nossa evolução. Por exemplo, nós não devemos conjecturar as causas que geraram as atuais situações (i.e., efeitos) as quais nossos irmãos estão a vivenciar. De outra maneira, estaríamos a julgá-los, e isso seria contra os ensinamentos do nosso Mestre Jesus (Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados – Lucas 6,37). Nós não devemos – nem tampouco nos punir – através dos sentimentos de culpa pelas decisões menos sábias as quais tomamos e/ou pelos “sofrimentos” pelos quais passamos. Contudo, devemos, sim, evitar cometer os mesmos erros do passado, buscando sempre refletir, antes de quaisquer de nossas ações (o que inclui também os nossos pensamentos).

Nós não devemos “culpar” Deus, nem o governo, nem nossos familiares ou amigos pelos nossos erros ou “sofrimentos”, em nossas atuais existências. Se agirmos assim, estamos, de forma indireta, afirmando que a Lei de Causa e Efeito é a mesma coisa que a Lei de Ação e Reação. E, ao afirmarmos que tais leis são a mesma coisa, é promover, de forma inconsciente, a doutrina ilógica do fatalismo.

Em resumo, responsabilidade é a palavra-chave. Nós devemos usar o nosso livre-arbítrio de forma sábia, o que significa dizer: amando a nós mesmos e amando o nosso próximo. Essa é a forma de se amar a Deus, tão bem demonstrada por Jesus, aqui na Terra, e, agora, tão bem explicada pelo Espiritismo.

Rodrigo Machado Tavares

Suicídio: uma abordagem espiritual

Suicídio: uma abordagem espiritual


O suicídio é uma prática condenada por diversas religiões, entre elas, o Espiritismo.
O ser humano, muito individualista e materialista, se apega na maioria das vezes ao seu Eu, fixando a mente em seus problemas que julga ser os maiores do Universo.

Se limita à matéria, às paixões e aos vícios. Sendo assim, o seu mundo se reduz às coisas passageiras, esquecendo da eternidade que é a alma. Sua preocupação se torna uma obsessão; as pessoas ao seu redor muitas vezes não notam seus problemas, pois o indivíduo sabe camuflar de tal forma que quando o suicídio acontece é surpresa para todos.

Sabemos das dificuldades que cada um enfrenta no dia-a-dia. Cada um, realmente, carrega a sua cruz. Neste processo evolutivo as dificuldades enfrentadas são as mesmas, o que difere é que para uns pode ser menos penoso, devido a sua forma de ver os acontecimentos, ou seja, a evolução individual é algo primordial para que possamos ter um melhor entendimento da vida.

Atualmente, cerca de um milhão de pessoas cometem suicídio todos os anos, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. Entre os países desenvolvidos, o Japão ocupa o primeiro lugar, e há tempos atrás ficou conhecido como o “Reino dos Suicídios”. Neste país, está se tornando comum a prática do suicídio coletivo. Em 2003, o Japão registrou 34 suicídios cometidos em duplas ou grupos por pessoas que se conheceram pela internet e faziam pactos. Também neste mesmo ano, foram registrados 34.427 suicídios no Japão, 7,1% a mais que em 2002. Está se tornando uma coisa tão comum que todos os anos diversos escritores lançam livros sobre este assunto. O livro Manual Completo do Suicídio, de Wataru Tsurumi, teve sua primeira edição lançada em 4 de julho de 1993, e se tornou um best-seller, pois descrevia inúmeras formas de suicídio, com ranking de facilidade, dor e dicas estratégicas.

Suicídio coletivo

O suicídio coletivo é uma prática antiga. Ficou conhecida devido às seitas que pregavam uma filosofia que chegava a psicotizar o indivíduo. Extraí de um site que fala um pouco da história das seitas, alguns dos suicídios coletivos mais famosos:

1978 – Vocês se lembram de Jim Jones? Era um líder fanático que se intitulava “pastor do Templo do Povo”. Possuía guarda-costas chamados de “anjos”e levou aproximadamente 900 pessoas ao suicídio na Guiana.

1985 – Na ilha de Mindanao, nas Filipinas, sessenta integrantes da tribo Ata são encontrados mortos em conseqüência de um envenenamento ordenado pelo “guru” Datu Mangayanon.

1987 – Em Yongin, arredores da capital Seul (Coréia do Sul), trinta e dois discípulos da sacerdotisa Park Soon-Ja foram encontrados com a garganta destroçada. Uma autópsia revelou que eles beberam um veneno muito potente.

1993 – Cinqüenta e três habitantes de um bairro de Ta He, 300 quilômetros a noroeste de Hanói, se suicidaram com armas de fogo para “chegar ao paraíso” prometido pelo chefe Ca Van Liem. Entre as vítimas estavam dezenove crianças.

1994 – Cinqüenta e três membros da seita “Ordem do Templo Solar” cometeram, igualmente, suicídio coletivo. A seita parecia praticar um tipo de culto solar. A morte dos membros parecia fazer parte de um ritual que levaria os indivíduos da seita para um outro planeta-estrela chamado “Sirius”. Para apressar a viagem, várias das vítimas, incluindo algumas crianças, foram mortas com disparos na cabeça ou asfixiadas com bolsas plásticas pretas ou envenenadas. Dois membros da seita, antes de morrer, deixaram escrito que eles estavam “deixando esta terra para encontrar uma nova dimensão de verdade e absolvição, longe da hipocrisia deste mundo”.

1997 – A seita americana “Porta do Céu”, Heaven’s Gate, fundada nos EUA em 1972 por Marshall Applewhite e Bonnie Lu Trousdale Nettles, cometeu suicídio coletivo. O saldo de mortos foi de trinta e nove pessoas. Homens de 26 a 72 anos, da classe média e alta, ingeriram comprimidos de fenobarbital acompanhado por forte dose de vodka, esperando irem embora da terra na cauda do cometa Halley.

1998 – No dia 05 de outubro de 1998, seis membros da seita conhecida como Igreja Youngsang (Vida Eterna), uma das muitas seitas apocalípticas da Coréia do Sul, e seu líder, Jong-min, 57 anos, foram encontrados queimados mortos em uma mini-van após um ritual religioso. A polícia coreana disse que o líder deixou sua casa em Seul, em julho, com seis seguidores, dizendo que eles estavam embarcando em uma viagem eterna.

2000 – Cerca de oitocentas pessoas que estavam envolvidas com a seita “Movimento Pela Restauração dos Dez Mandamentos” morreram carbonizadas na sede da seita, em Uganda, na África. Antes de cometerem o suicídio coletivo, o líder da seita os incentivou a abandonarem seus bens, pois iriam se encontrar com a Virgem Maria. Pelo jeito, o único mandamento que a seita não quis restaurar foi o “Não matarás”.

A timidez e o suicídio

O psicólogo Antonio Carlos Alves de Araújo publicou um estudo sobre as pessoas que praticam o suicídio, fazendo um paralelo com a timidez: “Obviamente, a problemática é mundial; vide o episódio no Japão sobre o suicídio coletivo dos hikikomoris (tímidos ou reclusos). Neste caso específico, a timidez caminhou para o suicídio, devido às pressões de uma determinada cultura que talvez não preste a atenção devida ao relacionamento humano, mas tão somente ao desempenho profissional e competição, embora não seja um aspecto encontrado apenas no Japão. (...) O tímido teme a situação de prova a todo o momento; quando se retira do contato cria uma ficção de vitória por não ter que passar por determinado apuro, mesmo que isto lhe custe um prazer futuro. (...) O tímido, na verdade, comete uma espécie de “estelionato social”; sua lei é retirar, sendo que os aspectos de egoísmo estão totalmente presentes. (...) O último estágio do processo da timidez é a depressão profunda ou o transtorno do pânico e até o suicídio, quando a pessoa não consegue mais nenhum tipo de satisfação devido a sua conduta masturbatória perante a vida. (...) O suicídio e timidez têm como temática básica a questão de como enfrentar a profunda solidão. O primeiro não enxerga nenhuma alternativa para resolver o dilema; o segundo se acostumou e desfruta da mesma”.

Alguns julgam a prática do suicídio um ato corajoso, outros, um ato covarde. A realidade é que é um ato penoso para quem pratica, pois seus problemas estarão apenas começando, após esta fuga da matéria. Ninguém queira conhecer o “Vale dos Suicidas”, ou melhor, deveriam ter pelo menos uma visão deste lugar para que tenham consciência de que se o inferno existe, ali é o lugar.

Um dos maiores escritores de Portugal, Camilo Castelo Branco, se suicidou aos 65 anos com um tiro no ouvido, quando foi acometido por uma cegueira, devido a uma doença nos olhos. Alguns anos mais tarde, por meio da médium Yvonne Pereira, escreveu Memórias de um Suicida, no qual descreveu com riqueza de detalhes a situação dos que suicidam e sua permanência no Vale dos Suicidas. Em determinado momento, ele fala sobre entidades perversas que escravizam criaturas nas condições amargurosas em que se via. Aprisionado, juntamente com outros suicidas, foram obrigados a fazer uma caminhada “penosamente, por um vale profundo, onde nos vimos obrigados a enfileirar-nos de dois a dois, enquanto faziam idênticas manobras os nossos vigilantes. Cavernas surgiram de um lado e outro das ruas que se diriam antes estreitas gargantas entre montanhas abruptas e sombrias, e todas numeradas. Tratava-se, certamente, de uma estranha “povoação”, uma “cidade” em que as habitações seriam cavernas, dada a miséria de seus habitantes, os quais não possuiriam cabedais suficientes para torná-las agradáveis e facilmente habitáveis (...) Não se distinguiria terreno, senão pedras, lamaçais ou pântanos, sombras, aguaceiros... Sob os ardores da febre excitante da minha desgraça, cheguei a pensar que, se tal região não fosse um pequeno recôncavo da Lua, existiriam por lá, certamente, locais muito semelhantes”.

Dessa forma, imaginem um grupo de suicidas chegando do “outro lado”, tomando ciência de que a vida continua, apesar da promessa de “paraíso” feita por “religioso” ou através de um pacto mal planejado pela Internet, onde a realidade não corresponde com a ilusão dos suicidas que terão que responder por estes atos. A frustração ao chegar do outro lado faz com que os suicidas se arrependam ardentemente, porém, é tarde demais.

Orientações espíritas

Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, lê-se que “as conseqüências do suicídio são muito diversas: não há penas fixadas e, em todos os casos, são sempre relativas às causas que o provocaram. Mas uma conseqüência à qual o suicida não pode fugir é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos: depende das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros em uma nova existência que será pior que aquela da qual interromperam o curso”.

Entrevistei Richard Simonetti, um dos mais conceituados escritores espíritas. Perguntei: Quando uma determinada “religião” ou “líder religioso” levam seus seguidores ao suicídio coletivo, quem terá maior dosagem de culpa? Qual o grau de responsabilidade do líder religioso e do seu seguidor? Ele respondeu que “a responsabilidade maior será do líder, que terá, inclusive, o compromisso de ajudar seus seguidores a se recomporem”.

Indaguei novamente: “Caso o seguidor desta seita foi induzido ao suicídio, mesmo assim ele responderá por este ato praticado contra si próprio? Ele informou que “sim, porque não foi obrigado a matar-se, simplesmente rendeu-se às sugestões recebidas”.

Sendo assim, temos consciência de que tanto pela iniciativa, quanto pela indução, iremos responder pelos nossos atos, afinal, temos o livre-arbítrio para tomar as decisões que achamos cabíveis naquele momento, muitas vezes, sem ter a noção exata das conseqüências futuras.

Quando se deseja algo, seja bom ou ruim, temos ao nosso lado espíritos que irão captar as imagens em nossa mente e poderão, dessa forma, criar condições para que o nosso objetivo se concretize. Em se tratando de suicídio, obsessores irão envolver sua presa para que esta pratique este ato. No suicídio coletivo, uma legião de obsessores poderá estar pronta a “encaminhar” para as zonas sombrias seus desafetos do passado ou apenas indivíduos com a mesma afinidade de pensamentos e propósitos.

Independente do país, o suicídio coletivo é uma realidade. As autoridades devem tomar consciência da seriedade deste assunto e um estudo mais profundo deve ser elaborado para tentar evitar tal atrocidade. Aos candidatos ao suicídio coletivo, reflitam muito bem antes. Procurem ajuda, seja com amigos, parentes ou uma determinada religião que trabalhe o emocional da pessoa, mostrando uma visão global e cristã da vida. Nos centros espíritas, pode-se obter ajuda através de palestras educativas e esclarecedoras, passe, tratamento da desobsessão, água fluidificada, leituras edificantes e o culto do evangelho no lar.

Não se deixe levar pelas ilusões de um mundo melhor pós-suicídio, afinal a porta falsa do suicídio é uma armadilha para um caminho sem volta.

É nossa obrigação acolher com carinho as pessoas que sabemos ter tendência suicida. Devemos estar atentos, para que elas não cometam esta atrocidade contra si mesmas. Muitas vezes, o medo faz com que procurem outras pessoas com o mesmo intuito suicida, se encorajando, acabam praticando o suicídio coletivo.

Artigo publicado na edição 43 da Revista Cristã de Espiritismo.

Materializações

Materializações

Estudar a materialização dos espíritos é fundamental para o avanço da medicina, e sua prática foi mais um instrumento para a cura e o despertar da humanidade
O conhecimento que temos a respeito do universo, de nosso mundo e de nós mesmos é extremamente limitado. Segundo André Luiz, conhecemos apenas a oitava parte do que ocorre ao nosso redor. Então, se desconhecemos a essência, a finalidade e a causa da maioria das coisas que vemos, como conheceremos aquilo que não vemos? E as energias sutis do espírito estão nesse rol imensurável e desconhecido para nós, seres humanos limitados.

Ao retomarmos um estudo feito por André Luiz, deparamos com sua afirmação de que tudo emana do "plasma divino", que, conforme os ensinamentos superiores compilados por Allan Kardec, é o fluido cósmico universal. Ou seja, é o princípio elementar de tudo que existe, um único elemento material dando origem a tudo, o fator básico da criação, como nos relata o espírito Galileu no livro A Gênese. O fluido cósmico universal é uma matéria cósmica primitiva que vai do incomensurável ao mensurável, da invisibilidade à visibilidade e do ponderável ao imponderável dependendo da forma, do estado e da dimensão em que se encontra, sendo detectável ou não para nossos sentidos humanos.

As energias sutis são matéria quintessenciada, não detectáveis nesta terceira dimensão em que estamos, ou seja, são imperceptíveis aos nossos olhos. Porém, causam impacto na estrutura de nosso organismo tanto quanto o raio x, por exemplo, constituído por partículas subatômicas que penetram na intimidade de nosso corpo, fotografando-o interiormente, sem que sejam percebidas pelos sensórios terrenos.

Teoria das manifestações

Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec compilou algumas explicações do espírito São Luís sobre a teoria das manifestações físicas. Ele disse que o que anima a matéria ou os objetos que se movem, bem como o que materializa os espíritos, é uma combinação do fluido cósmico universal com o fluido perispiritual do próprio médium e o fluido do perispírito de espíritos mais ligados à matéria, ou seja, menos evoluídos. Essa composição fluídica "anima" a matéria, envolvendo os objetos entre o espaço molecular e penetrando igualmente os corpos, como um imenso oceano.

A vontade do espírito coordenador do fenômeno conduz o movimento dos objetos, por isso, ela é a causa do fenômeno, enquanto que a mescla de fluidos é o veículo condutor deste. Imaginemos, por exemplo, um espírito materializado que escreve ou toca piano. Ele deita seus dedos sobre as teclas, porém, não é sua "força muscular" que as impulsiona. Na verdade, é o fluido que as anima, interpondo-se no espaço entre as moléculas da matéria de que é composto e acatando a vontade do espírito.

Com as "mesas girantes" acontece o mesmo. Não é o espírito que as levanta e gira, mas são elas que se animam com uma vida fictícia ou artificial, movendo-se pelo impulso mental que o espírito lhes dá.

O ectoplasma

Em Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz nos descreve um de seus aprendizados sobre o assunto, quando observou uma sessão de materialização ocorrida aqui na Terra, cujos indícios nos levam a acreditar que tenha sido com o médium Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho.

Ele nos conta que, durante esse fenômeno especialíssimo, o médium é desdobrado e afastado do corpo, semelhante a um desencarne. "Assim prostrado, sob o domínio dos técnicos de nosso plano, começou a expelir o ectoplasma, pasta flexível à maneira de uma geléia viscosa e semilíquida, através de todos os poros e, com mais abundância, pelos orifícios naturais, particularmente a boca, as narinas e os ouvidos, com elevada porcentagem a se exteriorizar igualmente do tórax e das extremidades dos dedos", explica. Esse fluido condensado era de uma alvura extraordinária, ligeiramente luminosa, comparável à clara de ovo, com um cheiro característico e indescritível.

Dessa forma, o médium começa a se desmaterializar. Por sua vez, o ectoplasma, definido na biologia como a parte periférica do citoplasma celular e, na parapsicologia, como a substância visível que emana do corpo de certos médiuns, envolve o perispírito do espírito a ser materializado como peças de tecido leves e finos ou interpenetra os objetos, dando-lhes forma e movimento. O fenômeno independe das qualidades morais e do caráter do médium, pois são emanações psicofísicas das quais o citoplasma é uma das fontes de origem. Portanto, o fato do médium fumar, beber, ingerir drogas ou abusar da alimentação inadequada não faz com que seja mais ou menos apto, mas influencia pelas toxinas que contaminam o ectoplasma a ponto de prejudicar o organismo dele próprio.

Como exemplo, temos os ensinamentos dos espíritos envolvidos no caso do médium Peixotinho, que sempre alertavam acerca dos vícios, classificando-os como uma escolha para a mediunidade, com conseqüências nefastas e tóxicas para o médium. Em muitas reuniões realizadas pelo grupo dele e que não tiveram êxito, a explicação foi de que os resíduos que impregnavam o organismo do médium, decorrentes desses vícios e da alimentação inadequada, não propiciaram o efeito desejado sem atingir com gravidade o corpo físico dele. Os espíritos falavam e ensinavam com brandura, mas eram enérgicos e severos com relação à participação de pessoas com esses vícios e do próprio médium nas reuniões. Até mesmo o toque nesse fluido condensado por uma pessoa estranha ao fenômeno, quando não planejado pelo espírito coordenador, pode levar o médium a sofrer conseqüências gravíssimas, como aconteceu com o próprio Peixotinho, ou mesmo ao desencarne, tamanha a seriedade e complexidade da manifestação.

Materializações luminosas

Segundo o dicionário, este termo se refere à individualização de uma forma pela matéria, à atribuição de qualidades desta para algo (no caso, o espírito) ou à manifestação do espírito sob forma material, tornando-o corpóreo. Indica ainda um tipo especial de mediunidade, no qual ocorre o fenômeno da corporificação de espíritos pelo ectoplasma do médium.

Diante de diversas obras sobre o assunto, nas quais os autores analisaram o fenômeno por anos a fio, de forma fria e racional, podemos concluir que ele apresenta um tipo de ocorrência padrão, em que sempre há a participação do médium que apresenta tal faculdade mediúnica, das demais pessoas que assistem e auxiliam materialmente na realização do fato, de um ou mais espíritos evoluídos que coordenam a elaboração espiritual do fenômeno e de algumas entidades com caráter menos elevado e maiores ligações com o mundo material.

Algumas dessas materializações chegam a ter uma intensa luminosidade, que chega a desafiar qualquer pensamento de incredulidade a respeito do fenômeno. Isso ocorre devido à grande quantidade de fosfato de lecitina que o médium apresenta em seu organismo. Por isso, em certas ocasiões, o famoso médium Peixotinho era orientado pelos espíritos a comer muito peixe, alimento que possui essa substância.

O fenômeno através dos tempos

Se analisarmos a história da humanidade através dos tempos, certamente teremos elencados muitos casos de manifestação da mediunidade de efeitos físicos antes mesmo que ela fosse assim denominada e compreendida, uma vez que, antigamente, era considerada um fenômeno sobrenatural. Nos dias de hoje, à luz do Espiritismo, podemos compreendê-la melhor e explicá-la cientificamente.

Em seu livro Pensamento e Vontade, Ernesto Bozzano nos ensina que a substância ectoplasmática já era conhecida pelos alquimistas do século XVII, como Paracelso, que a denominou como "mysterium magnum", e Thomas Vaogan, que a chamou de "matéria prima". Emmanuel Swedenborg, um dos precursores do Espiritismo, também realizou experimentos de ectoplasmia, além de outros importantes pesquisadores científicos, como o dr. Gustav Geley, que descreveu essas manifestações no livro Do Inconsciente ao Consciente, Hartmann, Aksakof, Du Prel e Albert de Rochas, que baseou suas conclusões nas experiências realizadas com a também famosa médium Eusápia Paladino.

Outro caso interessante de materialização de corpo humano exercida por uma entidade inteligente e com o auxílio da posse temporária do corpo fluídico exteriorizado foi observado e pesquisado exaustivamente pelo cientista inglês William Crookes por volta de 1870. Por mais de 30 anos, ele estudou a manifestação do espírito Katie King através de uma médium chamada Florence Cook, apresentando diversos fenômenos, como levitação, escrita, materialização etc.

Mais recentemente, por volta da década de 40, Fábio Machado, um médium que morava em Belo Horizonte (MG), produzia fenômenos de materialização. Através dele, ocorriam as mesmas manifestações observadas no médium Peixotinho e com os mesmos espíritos, apesar de não se conhecerem ou terem conhecimento da existência um do outro. A única diferença é que as materializações de Fábio eram opacas.

O trabalho de Peixotinho 

Entre os vários casos relatados pela literatura espírita, um dos que mais impressionam, pela total autenticidade e abundância do fenômeno, é o de Francisco Peixoto Lins, médium que, segundo uma profunda análise dos relatos, foi alvo das observações de André Luiz em suas visitas de aprendizado em nosso meio.

No Brasil, não há registro de médiuns que provocassem materializações como as de Peixotinho. Muitos fenômenos foram observados, descritos e testados por várias pessoas de bem, cultas e estudiosas, além de terem sido acompanhados criteriosamente por um delegado de polícia da época, R. A. Ranieri, que publicou o livro Materializações Luminosas. Eram flores naturais e orvalhadas que apareciam em abundância do nada, luvas e flores moldadas em parafina, moldes do rosto de espíritos, materializações completas e incompletas (apenas o busto) de entidades, apport de pedras de diversas localidades do planeta, chuvas de flores e pétalas naturais, brisas suaves e frescas, perfumes deliciosos, vozes (garganta ectoplasmática) e escritas diretas, biombos e cadeiras que levitavam, fabricação de remédios homeopáticos, surgimento de água mineral francesa, letreiros luminosos com frases inteiras ditadas no exato momento pelos participantes, além das curas e tratamentos inacreditáveis que ocorriam todos os dias.

Era um verdadeiro espetáculo a cada sessão. Em uma única reunião, chegaram a moldar cerca de 100 flores em parafina. Para distrair os participantes e evitar que suas mentes divagassem por outras paragens, as entidades usavam a música como recurso. Tocavam violão e espíritos dançavam. Letras e músicas de hinos eram enviadas por escrita direta, isso quando não era eles mesmos que se sentavam à mesa e tomavam a caneta comum para escrever. Sempre se ouvia no ambiente, com perfeição e nitidez, os sons produzidos pelos espíritos corporificados, seus movimentos de ir e vir da cabine, dirigindo-se ao balde de parafina fervente, e o som típico do molhar das mãos em água fria para resfriar e endurecer as moldagens.

O início dos trabalhos era marcado por um sinal: o apport de uma ou várias pedras que surgiam do nada. E uma voz a enunciar o êxito ou não da sessão sempre era ouvida no final. Muitas vezes, por meio da voz direta, diziam que não tinham conseguido o objetivo esperado e, ao se acenderem as luzes, botões de rosas, cravos, margaridas ou outras flores eram encontrados, ofertados pelos espíritos aos presentes.

Os mentores explicavam que extraíam energia ectoplasmática dos médiuns para tratarem os doentes. Explicavam também que as tarefas em torno da mediunidade são resultado de um trabalho de equipe, baseado na unidade de propósitos e capaz de formar um campo psíquico ou, como comumente se diz, uma "corrente de energias". Nesse campo, movimentam-se os fluidos por força da mente, que plasma e cria segundo as determinações do espírito diretor ou controlador.

Ensinamentos dos espíritos

Segundo as entidades orientadoras, o objetivo dos fenômenos mediúnicos é despertar, aprender e curar, como no caso de Peixotinho. Dois fatores ficaram bem evidenciados: a necessidade do constante estudo das instruções contidas em O Livro dos Médiuns e o aprendizado do trabalho em grupo, demonstrando que a mediunidade voltada para as instruções espíritas exige mentalidade de equipe, atenção, estudo, respeito e, consqüentemente, espírito de participação.

Constantemente, os espíritos orientavam os presentes para eliminarem a curiosidade e mentalizarem os doentes ordenadamente, ajudando-os nos processos de tratamento. Explicavam que a base do fenômeno está na mente e que essas energias sutis são extremamente sensíveis ao pensamento. Por isso, a postura mental do grupo era fundamental.

Certa ocasião, sugeriram que contos espiritualizados, canto de hinos e leituras do evangelho, entre outros, fossem utilizados para auxiliar a manutenção da vibração positiva do grupo. Outra sugestão foi a de organizar grupos com um número reduzido de pessoas, pois o excesso de componentes com pensamentos e propósitos heterogêneos atrapalhava o êxito do trabalho. No início, eram os próprios espíritos que enumeravam aqueles que estavam aptos para participar das reuniões e os demais, que realizariam as visitas à casa dos doentes que seriam tratados à distância para "fazer ambiente".

Os espíritos insistiam nos ensinamentos, entretanto, a maior parte dos participantes se aglomerava em torno de Peixotinho, uma vez que aquilo lhes encantava os olhos ou lhes atendia os interesses mais imediatos. Nem sempre procuravam a essência, as causas e as conseqüências.

De todo esse universo de pesquisas e experimentos científicos sobre a existência, a atuação e as conseqüências das energias sutis do espírito através dos tempos, concluimos que, como o próprio Kardec nos ensinou, a maior ou menor incidência desses fenômenos físicos está diretamente relacionada à necessidade de despertamento da humanidade para o aspecto espiritual de sua existência. Portanto, observamos que, na atualidade, esses fenômenos se tornaram escassos devido à evolução do homem e sua condição no estágio seguinte a esse despertamento, que é o burilamento moral interior em direção à escala ascendente da evolução da humanidade