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terça-feira, 17 de maio de 2011

Constante mudança

Tudo é uma constante mudança. As pessoas mudam, o mundo muda... 
Tudo se transforma com o tempo, e nada permanece igual.

 O que nos resta são os bons momentos que foram vividos e que ficam guardados para sempre em nossa lembrança. Devemos viver cada segundo intensamente. 

Nada é perfeito e em nossa vida surgem obstáculos e muitas vezes nos vemos sem saída e sem solução para nossos problemas. Aí pensamos e surge a dúvida: Será que existe luz no "fim do túnel"? Para tudo existe uma solução e o maior e principal problema está em nós mesmos, em nossa dificuldade de encarar os fatos e lutarmos por aquilo que realmente desejamos.

 Toda pessoa possui dentro de si um certo medo, uma insegurança de não conseguir e de ser um perdedor; mas a vida é uma intensa provocação, e devemos encará-la de "peito aberto" para poder vencer e mostrar a nós mesmos que somos capazes de lutar e sermos os melhores. 






Devemos sempre seguir a voz de nosso coração e seguir sem medo de viver. A palavra nunca, não existe no vocabulário da vida, pois nós podemos tudo o que quisermos. A auto confiança e a segurança devem ser as principais armas nessa batalha que se chama vida. Mas o que a vida representa? A vida é feita de momentos muitas vezes ruins e bons, tristes e alegres e de presente, passado e futuro. O passado foi vivido e as recordações restam; para o futuro termos esperanças de uma vida feliz. Mas e o presente? 

Devemos vivê-lo ao máximo, para podermos fazer desses momentos os melhores de nossas vidas. Um conselho: Viva e aprenda com a vida. A cada dia, aprendemos novas lições e com elas tiramos proveito para não errar novamente, não "tropeçar" no mesmo erro. 

Todos os dias acordamos e fazemos praticamente o mesmo, e às vezes o cotidiano cansa. Mas mesmo assim, olhe para o céu e para o sol. Enquanto ele brilhar para nós, ainda existirá esperança. Podemos ser felizes com pequenas coisas. 

Sempre faça de sua vida uma eterna primavera com flores sempre a nascer. Vida é renovação, é esperança e temos que ter força para lutar. Não importa que tipo de vida você tenha, apenas viva e tente ser feliz, lute até o fim, busque seus sonhos e ideais com toda a força que puder, pois com certeza alcançará; e no fim de sua vida, você poderá olhar para trás e dizer com orgulho: "Eu lutei, eu vivi, eu busquei, eu venci." 

E os pequenos e grandes obstáculos que enfrentou, você perceberá que foram como "espinhos" que se foram e se perderam com o tempo. 

A ILUSÃO DO REFLEXO


Conta-se que um pai deu a sua filha um colar de diamantes de alto preço.

Misteriosamente, alguns dias depois o colar desapareceu. Falou-se que poderia ter sido furtado.

Outros afirmaram que talvez um pássaro tivesse sido atraído pelo seu brilho e o levado embora.

Fosse como fosse, o pai desejava ter o colar de volta e ofereceu uma grande recompensa a quem o devolvesse: R$ 50.000,00.

A notícia se espalhou e, naturalmente, todos passaram a desejar encontrar o tal colar.

Um rapaz que passava por um lago, próximo a uma área industrial, viu um brilho no lago.

Colocou a mão para proteger os olhos do sol e certificou-se: era o colar.

O lago, entretanto, era muito sujo, poluído, e cheirava mal.

O rapaz pensou na recompensa. Vencendo o nojo, colocou a mão no lago, tentando apanhar a jóia.

Pareceu pegá-la, mas sentiu escapulir das suas mãos. Tentou outra vez. Outra mais. Sem sucesso.

Resolveu entrar no lago. Emporcalhou toda sua calça e mergulhou o braço inteiro no lago.

Ainda sem sucesso. O colar estava ali. Mas ele não conseguia agarrá-lo. Toda vez que mergulhava o braço, ele parecia sumir.

Saiu do lago e estava desistindo, quando o brilho do colar o atraiu outra vez.

Decidiu mergulhar de corpo inteiro. Ficou imundo, cheirando mal. E ainda nada conseguiu.

Deprimido por não conseguir apanhar o colar e conseqüentemente, a recompensa polpuda, estava se retirando, quando um velho passou por ali.

O que está fazendo, meu rapaz?

O moço desconfiou dele e não quis dizer qual o seu objetivo. Afinal, aquele homem poderia conseguir apanhar o colar e ficar com o dinheiro da recompensa.

O velho tornou a perguntar, e prometeu não contar a ninguém.

Considerando que não conseguia mesmo apanhar o colar, cansado, irritado pelo fracasso, o rapaz falou do seu objetivo frustrado.

Um largo sorriso desenhou-se no rosto do interlocutor.

Seria interessante, falou em seguida, que você olhasse para cima, em vez de somente para dentro do lago.

Surpreso, o moço fez o recomendado. E lá, entre os galhos da árvore, estava o colar brilhando ao sol.

O que o rapaz via no lago era o reflexo dele.

A felicidade material se assemelha ao reflexo do colar no lago imundo.

Na conquista de posses efêmeras, quase sempre mergulhamos no lodo das paixões inconseqüentes.

A verdadeira felicidade, no entanto, não está nas posses materiais, nem no gozo dos prazeres.

Ela reside na intimidade do ser. Nada ruim em se desejar e batalhar por uma casa melhor, um bom carro, roupas adequadas às estações, uma refeição deliciosa.

Nada ruim em desejar termos coisas. A forma como as conquistamos é que fará a grande diferença.

Se para as conseguir, necessitamos entrar no lodaçal da corrupção, da mentira, da indignidade, somente sairemos enlameados, e infelizes.

Esse tipo de felicidade é como o reflexo do colar na água: pura ilusão.

Somente existe verdadeira felicidade nas conquistas que a honra dignifica, que a consciência não nos acusa.

Pensemos nisso. E, antes de sairmos à cata desesperada de valores materiais expressivos, analisemos o que necessitamos dar em troca.

Porque nada vale que mereça sacrificar a honra, a dignidade pessoal, a auto-estima, a vida espiritual.

A FADA DO MÁRMORE


Possivelmente poucos têm notícias de que Sócrates, o filósofo grego, era também escultor. De um modo geral, todos o conhecem como o mestre de Platão. O precursor das idéias cristãs.

Mas ele era também um escultor muito bom.

Um dia, ele recebeu um pedido da prefeitura de Atenas para esculpir em mármore a estátua de uma fada, que deveria ser colocada em um bosque, próximo de uma fonte.

Sócrates aceitou a encomenda. Tratou logo de providenciar um bloco de mármore branco e se pôs a trabalhar.

Durante algum tempo ficou olhando para o imenso bloco branco. Mentalizou, idealizou intensamente a estátua e, então, colocou mãos a obra.

Empunhou o martelo e foi desbastando a pedra. Lascas enormes voavam para um e outro lado da sua oficina.

Mais tarde, ele largou o martelo e os outros instrumentos pesados, rústicos, e empunhou ferramentas mais leves como o cinzel.

Para o acabamento da estátua serviu-se de uma pedra esmeril, com muita delicadeza.

Finalmente, a estátua ficou pronta para admiração do povo.

Era a figura de uma jovem esbelta, como os antigos concebiam as divindades dos bosques e das águas. Seu aspecto era tão leve que ela parecia flutuar no ar. E, no entanto, era toda de mármore.

Ante os elogios do povo, Sócrates explicou que ele verdadeiramente não esculpira a estátua.

Quando olhara o bloco de mármore, ele vira que a ninfa das águas estava pronta, dentro dela.

O que fiz, dizia, foi simplesmente retirar o excesso de pedra que a cobria e descobri-la para os olhos de todos.

* * *
Assim também é no ser humano. A maioria das pessoas somente vê o material, o corpo físico. E por essa aparência adjetiva a criatura como feia, bonita, simpática, antipática, etc.

Poucos podem ver o invisível, a alma do ser que carrega aquele corpo.

E a alma, para se revelar em toda a sua grandeza, necessita passar por um processo semelhante ao do mármore.

É assim que temos o martelo da dor, retirando as arestas, o cinzel da disciplina e a pedra esmeril do tempo trabalhando juntos, a fim de que o Espírito mostre toda a sua beleza e seu potencial.

É por isso que se torna importante o homem entender o porquê da dor, da disciplina, a sabedoria do tempo para que ele se mostre na sua totalidade: a estátua de beleza e leveza, esplendorosa, oculta sob a capa da matéria bruta. * * *

Jesus, enquanto na Terra, Se permitiu ver por três dos Seus apóstolos em toda a sua beleza espiritual.

O episódio se deu no Monte Tabor, no fenômeno conhecido como Transfiguração e teve como testemunhas oculares, Pedro, Tiago e João.

BRANDURA


Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra".

Por esta e outras máximas, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei.

Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês que alguém possa usar para com seus semelhantes.

Podemos perceber, dessa forma, que os ensinos de Jesus não são bem compreendidos por nós e, menos ainda, vivenciados.

Prova disso é o nosso comportamento diário, diante de situações e pessoas.

Um dia desses, transitávamos por uma rua da nossa cidade e paramos no sinal fechado.

Observamos no veículo ao lado um adesivo com a seguinte citação evangélica: "Já não sou eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim".

De fato a frase chamou-nos a atenção pela beleza da idéia que contém, mas infelizmente não retratava a realidade.

Ao aproximar-se um desses garotos que entregam panfletos de propaganda nas esquinas, a senhora que dirigia o veículo, o tratou com aspereza.

Gesticulando raivosa espantou o menino, que afastou-se um tanto desorientado.

É muito comum percebermos esse tipo de situação, pois Jesus tem sido muito divulgado ultimamente, mas pouco vivido.

Para que o cristo possa de fato viver em nós, é necessário que nos esvaziemos um pouco do egoísmo.

Enquanto estivermos cheios de nós mesmos, certamente não haverá lugar para Ele em nossa intimidade.

É muito fácil viver os ensinamentos de Jesus dentro dos templos religiosos que freqüentamos, onde a situação e as pessoas nos favorecem.

Quando tudo está calmo e todos se comportam com serenidade, é fácil ser brandos e pacíficos.

Todavia, os ensinos do Mestre de Nazaré devem ser vivenciados 24 horas por dia.

É verdade que algumas coisas não são bem como gostaríamos que fossem.

Não nos agrada encher o veículo de papéis de propaganda, mas será preciso agredir com palavras aqueles que os entregam?

Agindo assim, deixamos de lado outro ensino do Cristo: "fazer ao próximo o que gostaríamos que ele nos fizesse".

É importante, antes de agirmos com rudeza, colocarmo-nos no lugar do outro e nos perguntarmos como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos em seu lugar.

Se fizermos isso, com toda certeza não nos equivocaremos mais, e por conseguinte estaremos agindo como verdadeiros cristãos.

Você sabia?

Você sabia que os mundos também evoluem e tornam-se cada vez melhores?

É por isso que Jesus afirmou que são bem-aventurados os brandos porque possuirão a terra.

A Terra, que é um planeta de expiações e provas passará a mundo de regeneração e albergará os espíritos que já se melhoraram a ponto de merecê-la.

Os que ainda persistirem no mal reencarnarão em outros planetas, de conformidade com sua evolução.

É assim que se expressa a justiça divina. A ninguém desampara, mas também a ninguém privilegia, todos temos as mesmas chances, basta que saibamos aproveitá-las.

FILHOS DO CORAÇÃO


Os homens, para garantir o pão de cada dia, cultiva a semente.

Para assegurar o reconforto protegem as árvores.

Envidam esforços para preservar os animais, as plantas, os rios, a natureza enfim.

Pensam no futuro do planeta e desejam semear desde agora, a certeza de um futuro promissor.

Movimentam-se homens em prol da vida, expondo a própria vida em defesa dos animais marinhos, com a intenção de protegê-los.

Cientistas e pesquisadores dedicam-se a cultivar, em cativeiro, animais prestes à extinção.

Todos esses esforços são nobres, todavia, temos nos esquecido da orfandade que se alastra assustadoramente. Não temos protegido a infância que representa o porvir que a todos nos espera.

Crianças caminham desoladas e sós, chorando a ausência do braço paterno, ou se lastimam ante a falta do regaço materno que a morte suprimiu.

Assemelham-se a frágeis lírios expostos aos golpes do granizo, a perambularem sem rumo, sem amparo, sem esperanças...

São pequeninos filhos de Deus, em plena aurora da vida, esperando de nós apoio e assistência.

Não nos julguemos exonerados do dever de amparar os órfãos com os quais nos defrontamos na marcha. Se Deus os coloca em nossa caminhada, é porque espera de nós a demonstração de solidariedade e amor.

Esses infantes esperam guiar-se por nossos passos, orientar-se por nosso verbo, conduzir-se pelos nossos exemplos, para mais tarde, devolver-nos a mensagem que hoje lhes mostramos, já que são o germe do futuro.

O mundo de hoje é o retrato fiel dos homens de ontem que no-lo transmitiram com as qualidades e os defeitos de que se nutriram no campo das próprias almas.

Assim, a Terra de amanhã será, inelutavelmente, o reflexo de nós mesmos. E a infância colorirá o futuro ou o ensombrecerá, conforme tenha recebido de nós, hoje.

Lembremo-nos de que, pela lei de reencarnação, nesses filhos de ninguém, pode estar um afeto do nosso coração a rogar-nos braços amigos e o aconchego do lar e da família que não possuem.

Os laços do afeto não se desenvolvem somente na família consangüínea.

Nós os podemos construir a cada instante, acolhendo um desses pequeninos sem pais, para num futuro mais ou menos distante, recolher os frutos da semeadura de agora.

Não nos comovamos tão-somente perante o sofrimento que sufoca milhares de pequeninos. Façamos algo. Abramos as portas dos nossos corações e dos nossos lares para acolher um filho alheio, que em realidade é um filho de Deus e, por conseguinte, um irmão nosso.

***
Você sabia que muitos pais e mães que hoje estão privados da paternidade sofrem o retorno da lei de causa e efeito?

É que talvez tenham sido abortadores, ou tenham buscado a esterilização apenas para a satisfação da sensualidade, em existências anteriores.

Isso não é castigo, mas oportunidade de reparar os danos cometidos e corrigir o passo.

E você sabia que a adoção pode constituir-se em bênção luminosa de redenção?

Não é outro o motivo pelo qual, muitos pais que não lograram gerar filhos, após adotarem uma criança, ficam liberados para gerar os filhos da própria carne.

A dor do abandono


Era uma manhã de sol quente e céu azul quando o humilde caixão contendo um corpo sem vida foi baixado à sepultura.

De quem se trata? Quase ninguém sabe.

Muita gente acompanhando o féretro? Não. Apenas umas poucas pessoas.

Ninguém chora. Ninguém sentirá a falta dela. Ninguém para dizer adeus ou até breve.

Logo depois que o corpo desocupou o quarto singelo do asilo, onde aquela mulher havia passado boa parte da sua vida, a moça responsável pela limpeza encontrou em uma gaveta ao lado da cama, algumas anotações.

Eram anotações sobre a dor...

Sobre a dor que alguém sentiu por ter sido abandonada pela família num lar para idosos...

Talvez o sofrimento fosse muito maior, mas as palavras só permitem extravasar uma parte desse sentimento, grafado em algumas frases:

Onde andarão meus filhos?

Aquelas crianças ridentes que embalei em meu colo, alimentei com meu leite, cuidei com tanto desvelo, onde estarão?

Estarão tão ocupadas, talvez, que não possam me visitar, ao menos para dizer olá, mamãe?

Ah! Se eles soubessem como é triste sentir a dor do abandono... A mais deprimente solidão...

Se ao menos eu pudesse andar... Mas dependo das mãos generosas dessas moças que me levam todos os dias para tomar sol no jardim... Jardim que já conheço como a palma da minha mão.

Os anos passam e meus filhos não entram por aquela porta, de braços abertos, para me envolver com carinho...

Os dias passam... e com eles a esperança se vai...

No começo, a esperança me alimentava, ou eu a alimentava, não sei...

Mas, agora... como esquecer que fui esquecida?

Como engolir esse nó que teima em ficar em minha garganta, dia após dia?

Todas as lágrimas que chorei não foram suficientes para desfaze-lo.

Sinto que o crepúsculo desta existência se aproxima...

Queria saber dos meus filhos... dos meus netos...

Será que ao menos se lembram de mim?

A esperança, agora, parece estar atrelada aos minutos... que a arrastam sem misericórdia... para longe de mim.

Às vezes, em meus sonhos, vejo um lindo jardim...

É um jardim diferente, que transcende os muros deste albergue e se abre em caminhos floridos que levam a outra realidade, onde braços afetuosos me esperam com amor e alegria...

Mas, quando eu acordo, é a minha realidade que eu vejo... que eu vivo... que eu sinto...

Um dia alguém me disse que a vida não se acaba num túmulo escuro e silencioso. E esse alguém voltou para provar isso, mesmo depois de ter sido crucificado e sepultado...

E essa é a única esperança que me resta...

Sinto que a minha hora está chegando...

Depois que eu partir, gostaria que alguém encontrasse essas minhas anotações e as divulgasse.

E que elas pudessem tocar os corações dos filhos que internam seus pais em asilos, e jamais os visitam...

Que eles possam saber um pouco sobre a dor de alguém que sente o que é ser abandonado...

***

A data assinalada ao final da última anotação, foi a data em que aquela mãe, esquecida e só, partiu para outra realidade.

Talvez tenha seguido para aquele jardim dos seus sonhos, onde jovens afetuosos e gentis a conduzem pelos caminhos floridos, como filhos dedicados, diferentes daqueles que um dia ela embalou nos braços, enquanto estava na terra.

A dor do abandono


Era uma manhã de sol quente e céu azul quando o humilde caixão contendo um corpo sem vida foi baixado à sepultura.

De quem se trata? Quase ninguém sabe.

Muita gente acompanhando o féretro? Não. Apenas umas poucas pessoas.

Ninguém chora. Ninguém sentirá a falta dela. Ninguém para dizer adeus ou até breve.

Logo depois que o corpo desocupou o quarto singelo do asilo, onde aquela mulher havia passado boa parte da sua vida, a moça responsável pela limpeza encontrou em uma gaveta ao lado da cama, algumas anotações.

Eram anotações sobre a dor...

Sobre a dor que alguém sentiu por ter sido abandonada pela família num lar para idosos...

Talvez o sofrimento fosse muito maior, mas as palavras só permitem extravasar uma parte desse sentimento, grafado em algumas frases:

Onde andarão meus filhos?

Aquelas crianças ridentes que embalei em meu colo, alimentei com meu leite, cuidei com tanto desvelo, onde estarão?

Estarão tão ocupadas, talvez, que não possam me visitar, ao menos para dizer olá, mamãe?

Ah! Se eles soubessem como é triste sentir a dor do abandono... A mais deprimente solidão...

Se ao menos eu pudesse andar... Mas dependo das mãos generosas dessas moças que me levam todos os dias para tomar sol no jardim... Jardim que já conheço como a palma da minha mão.

Os anos passam e meus filhos não entram por aquela porta, de braços abertos, para me envolver com carinho...

Os dias passam... e com eles a esperança se vai...

No começo, a esperança me alimentava, ou eu a alimentava, não sei...

Mas, agora... como esquecer que fui esquecida?

Como engolir esse nó que teima em ficar em minha garganta, dia após dia?

Todas as lágrimas que chorei não foram suficientes para desfaze-lo.

Sinto que o crepúsculo desta existência se aproxima...

Queria saber dos meus filhos... dos meus netos...

Será que ao menos se lembram de mim?

A esperança, agora, parece estar atrelada aos minutos... que a arrastam sem misericórdia... para longe de mim.

Às vezes, em meus sonhos, vejo um lindo jardim...

É um jardim diferente, que transcende os muros deste albergue e se abre em caminhos floridos que levam a outra realidade, onde braços afetuosos me esperam com amor e alegria...

Mas, quando eu acordo, é a minha realidade que eu vejo... que eu vivo... que eu sinto...

Um dia alguém me disse que a vida não se acaba num túmulo escuro e silencioso. E esse alguém voltou para provar isso, mesmo depois de ter sido crucificado e sepultado...

E essa é a única esperança que me resta...

Sinto que a minha hora está chegando...

Depois que eu partir, gostaria que alguém encontrasse essas minhas anotações e as divulgasse.

E que elas pudessem tocar os corações dos filhos que internam seus pais em asilos, e jamais os visitam...

Que eles possam saber um pouco sobre a dor de alguém que sente o que é ser abandonado...

***

A data assinalada ao final da última anotação, foi a data em que aquela mãe, esquecida e só, partiu para outra realidade.

Talvez tenha seguido para aquele jardim dos seus sonhos, onde jovens afetuosos e gentis a conduzem pelos caminhos floridos, como filhos dedicados, diferentes daqueles que um dia ela embalou nos braços, enquanto estava na terra.

Heróis anônimos


Iniciava-se mais um dia em uma grande cidade. A agitação e o grande número de carros nas ruas refletia a época do ano: faltava uma semana para o Natal.

Nas ruas, misturavam-se os carros daqueles que se dirigiam ao trabalho e dos que iam às compras. Era difícil deslocar-se com rapidez.

Em um posto policial, localizado em uma praça da cidade, a rotina era tranquila até que um carro se aproximou em alta velocidade e estacionou. O motorista chamou o guarda quase com desespero.

No carro, uma mulher dava à luz uma criança. O policial solicitou uma ambulância pelo rádio e dirigiu-se ao veículo. Não era possível esperar: a criança estava nascendo.

Mesmo sem ter feito um parto sozinho anteriormente o policial não titubeou. O treinamento lhe veio à memória e o parto transcorreu sem problemas aparentes.

No entanto, em meio à emoção e à dor, a mãe percebeu que o bebê não se movimentava e parecia estar arroxeado, e pediu ao guarda que o ajudasse.

Um exame rápido e não foi difícil perceber que o cordão umbilical estava enrolado em torno do pescoço do recém-nato, e lhe provocava asfixia.

Novamente o treinamento lhe veio à mente e, com uma rápida manobra, retirou a circular do cordão. Observou, então, que o bebê respirou profundamente.

Em seguida, a ambulância chegou ao local, levando a mãe e o bebê para um hospital, onde chegaram ambos bem.

Não demorou para que jornalistas se dirigissem ao posto policial para entrevistar aquele que se tornaria o herói do dia na cidade.

Jornais on line, Rádio e TV noticiaram o fato inusitado e o policial era o centro das atenções. Mesmo com a agitação da cidade, a notícia chamou a atenção de muitos.

No final da tarde, em uma padaria próxima ao posto de guarda, o policial não conseguia sequer lanchar. Era abordado por todos que queriam o seu relato. Emocionado, ele se dizia realizado por salvar a vida da criança.

Muitos se sensibilizaram com a notícia. Na verdade, não foi apenas a vida daquela pequena criança que foi salva, mas a felicidade de toda uma família que aguardava seu nascimento.

* * *

Como esse policial, muitas são as pessoas que realizam atos de verdadeira bravura salvando vidas, auxiliando pessoas em momento de extrema necessidade, vencendo limites para ajudar o próximo.

Sem dúvida, essas pessoas não agem sem proteção, pois muitas vezes realizam atos para os quais não estão aparentemente preparadas, e, por vezes, ultrapassam até mesmo suas resistências físicas.

Quando alguém quer sinceramente agir no bem entra em sintonia com o mundo espiritual e recebe sua ajuda, sob forma de intuição, de coragem, de uma força que surpreende até mesmo aquele que a recebe.

O verdadeiro herói age desinteressadamente. Não almeja a fama, não deseja recompensa que não seja a de ver o próximo feliz. Mas tais atos, quando noticiados, podem nos servir de exemplos.

Exemplos de abnegação, de dedicação, de doação ao próximo, de ausência de egoísmo.

Enfim: exemplos de amor que transformam, diariamente, um incontável número de pessoas em verdadeiros heróis anônimos.

Jerusalém e Jericó

A parábola do bom samaritano é bem conhecida do mundo cristão.

Jesus a utilizou para ensinar grandes verdades.

Diz o mestre que um homem descia de Jerusalém para Jericó e foi assaltado no meio do caminho.

Jesus se refere a um homem. Não diz se era nobre ou plebeu, se era rico ou pobre, diz somente que era um homem. Poderia ter dito que um homem ia, se dirigia, rumava de Jerusalém para Jericó, mas ele usa o verbo descia, a fim de passar um ensinamento.

Outro detalhe importante está nas cidades a que Jesus se refere: Jerusalém e Jericó. Ele poderia ter dito que um homem transitava pela estrada, ia de uma cidade a outra, caminhava entre duas cidades, mas ele cita o nome dessas cidades.

E aqui vale uma rápida consideração sobre as duas cidades. A cidade de Jerusalém representava as coisas espirituais, as coisas de Deus, era a sede do templo de Salomão.

Jericó era um grande polo comercial, a cidade das trocas de mercadorias, do ouro, da usurpação.

Representava as coisas do mundo.

Jerusalém significa as coisas do alto, Jericó as baixadas.

O grande ensinamento contido nessa parábola está expresso no verbo que Jesus utilizou e nas duas cidades.

Dizer que o homem descia de Jerusalém significa dizer que ele deixava os interesses espirituais para cuidar das coisas do mundo, dos interesses materiais.

E quando abandonamos a posição Jerusalém para viver a posição Jericó, estamos sujeitos a assaltos, quedas, ferimentos, dores.

Quantos pais de família honrados, fiéis, que de uma hora para outra resolvem buscar uma aventura fora do lar.

Deixam sua posição Jerusalém para mergulhar na posição Jericó e são assaltados por terríveis reveses.

O comerciante honesto, que luta com dificuldades mas com dignidade e que de repente resolve enganar seus clientes, tirando um pouco no peso, nas medidas, na qualidade do produto.

Funcionários que trabalharam anos a fio com dignidade e que um dia resolvem aceitar o convite da desonra, caem nas armadilhas da corrupção, e sofrem os assaltos da intranqüilidade e da vergonha.

Políticos que se mantém com o dinheiro suado do trabalho abençoado e um dia se deixam enredar pelas teias dos interesses egoístas e despencam vertiginosamente para as baixadas infelizes, sofrendo assaltos de toda ordem.

Todos aqueles que descem da posição Jerusalém para a posição Jericó sofrem os tormentos na própria alma.

A posição Jerusalém não traz resultados imediatos, mas traz a paz da consciência tranqüila. A possibilidade de conciliar o sono, de andar com a cabeça erguida.

A posição Jericó geralmente vem acompanhada de aplausos interesseiros, de glórias efêmeras, de bajulação hipócrita.

A primeira é perene, duradoura, eterna. A segunda é passageira como as flores de um dia.

Paulo o grande apóstolo dos gentios, depois do contato com o mestre de Nazaré às portas de damasco, jamais abandonou os valores espirituais, jamais desceu da posição Jerusalém para as baixadas das coisas do mundo, da posição Jericó.

Sua caminhada foi áspera e muitas foram as renúncias, mas ele fez a viagem definitiva rumo às paragens celestes com a alma envolta em luz.

Seu rastro perfumado perdura até os dias de hoje, como um convite de amor para quem deseja conquistar a felicidade eterna.

***

Um dia, o amor vestiu-se de homem e andou sobre a Terra.

Ensinou as verdades da vida numa linguagem simples e ao mesmo tempo profunda.

Revestiu os ensinamentos com parábolas de grande sabedoria.

E falou com ternura: "eu sou o caminho da verdadeira vida".

E convidou-nos como um irmão maior: "quem quiser vir após mim, tome de sua cruz, negue-se a si mesmo e siga-me".

O que as águas não refletem



O que as águas não refletem... na superficialidade não reside.

"Quando estava entre nós, Ele costumava contemplar-nos, e ao nosso mundo, com um olhar de admiração, pois os véus dos anos não velavam Seus olhos, e tudo o que via era claro à luz da juventude."

Embora conhecesse o belo em toda sua profundidade, a paz e a majestade da beleza jamais deixaram de surpreende-Lo, e esteve diante do mundo como o primeiro homem estivera diante do primeiro dia.

Nós, com os sentidos já embotados, ficamos à plena luz do dia, mas não vemos.

Aguçamos os ouvidos, mas não ouvimos; e estendemos as mãos, mas não chegamos a tocar.

Não vemos o lavrador em seu retorno do campo ao findar o dia; nem ouvimos a flauta do pastor que conduz seu rebanho para o curral; nem estendemos os braços para tocar o pôr-do-sol, e nossas narinas não mais anseiam pela rosas...

Não, não veneramos um rei que não tenha um reino; nem ouvimos o som de uma harpa sem que haja uma mão a dedilhar-lhe as cordas; tampouco vemos uma pequena oliveira na criança a brincar em nosso olival.

E é preciso que cada palavra surja dos lábios carnais de uma boca, senão julgamo-nos mudos e surdos.

Na verdade, fitamos, mas não vemos; atentamos, mas não ouvimos; comemos e bebemos, mas não saboreamos.

E é aí que reside a diferença entre nós e Jesus de Nazaré.

Todos os Seus sentidos se renovavam continuamente, e o mundo para Ele era sempre novo.

Para Ele, o balbucio de um bebê não era menor do que o clamor de toda a humanidade, enquanto para nós nada mais é do que um balbucio.

O que as águas não refletem é que, para Ele, a raiz de uma roseira era um anseio por se aproximar de Deus, enquanto para nós não passa de uma raiz..."

***

Quanto temos a aprender com este Exemplo Maior que temos em nossas vidas...

Jesus não é um ídolo qualquer, um depósito de nossas frustrações e incertezas, como os ídolos fúteis deste mundo.

Não, Ele é um Guia seguro para nossos passos, um Guia que precisa descer dos crucifixos que penduramos em nossas paredes brancas na aparência, e habitar nossos atos e nossos pensamentos diários.

Como Ele faria se estivesse em nosso lugar?

Como Jesus falaria com esta pessoa? Como Ele trataria este alguém que nos feriu profundamente?

Como Ele reagiria a impropérios, a acusações improcedentes?

Estudando Sua vida em profundidade, fazendo estas perguntas e seguindo Seus exemplos, estaremos modificando nossas vidas significativamente.

Cumprir as obrigações religiosas simplesmente, não é suficiente.

Não fazer o bem nem o mal, não é suficiente.

Agir é necessário...

Revolucionar o coração é necessário...

Erradicar costumes viciosos é urgente...

O que as águas não refletem, na superficialidade não reside: é necessário repensar a vida, e ir fundo nas mudanças que sejam necessárias...