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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

COMO VENCER FRUSTRAÇÕES

COMO VENCER FRUSTRAÇÕES


Muitas vezes nos defrontamos com um problema que, mais por comodidade, julgamos insolúvel. É comum percebermos em nós vícios que sabemos altamente prejudiciais à nossa evolução, mas nos achamos incapazes de superá-los.

Referimo-nos mais especificamente a vícios morais ou espirituais, quais sejam: o egoísmo, a inveja, o ciúme, a maledicência.

Há dias, conversando com uma senhora que, juntamente com o esposo, cuida de crianças abandonadas como se fossem seus próprios filhos, pudemos aprender alguns exemplos vivos de superação de problemas que nos afligem o coração. De início queremos deixar bem claro que não se trata de pessoas de grande posse material; o marido é funcionário público, com salário da ordem de 600 cruzeiros mensais. E cuidam, com o maior carinho, de algumas dezenas de crianças. Carinho que pode ser testemunhado por quem se propuser conhecê-los. Evidentemente, não vamos aqui destacar os nomes porque a humildade do casal, e principalmente da mulher, nos proíbe de fazê-lo, para relatar os fatos seguintes. A quem estiver interessado em conhecê-los de perto, forneceremos o endereço.

Dizia-nos a mulher: "Eu nunca tive jeito para cuidar de velhos, principalmente pessoas idosas e doentes. Achava mesmo que, se um dia tivesse de me dedicar a este trabalho, fracassaria". Pois, a oportunidade de aprender a cuidar de velhos doentes ocorreu dentro de sua própria casa. O velho pai, com mais de 80 anos, permaneceu vários meses imobilizado no leito, e ela, filha única, teve de lhe devotar os maiores carinhos. Na época da doença do pai já estava com mais de 20 crianças em casa, mas viu aí a oportunidade de superar a barreira que sentia com relação aos velhinhos. Dedicou-se de corpo e alma a cuidar do pai, aceitando com naturalidade todas as ranzinzices próprias das pessoas doentes e idosas. Aceitou e aproveitou a lição: passou a entender os velhos, "Hoje - disse-nos - estou habilitada a cuidar do Lar dos Velhinhos, que eu e meu marido pretendemos instalar, ao lado da nossa casa."

Um outro exemplo. Há muito tempo, quando ainda não havia iniciado o trabalho de assistência às crianças abandonadas, ela sentia uma certa dificuldade de se aproximar das pessoas de cor. "Achei que devia me esforçar ao máximo para superar essa dificuldade; afinal, somos todos irmãos e não há razão para não aceitarmos qualquer um de nossos semelhantes." A solução por ela encontrada foi a mais espetacular que conhecemos e a mais prática também.

Como precisava de uma empregada, soube que uma velha senhora de cor estava desempregada e com grande dificuldade de arranjar quem contratasse seus serviços. Na realidade era uma velha preta, já com uns sessenta anos, doente, que trabalhara para muitos patrões. Agora, quase imprestável, ninguém a queria como empregada. Quando a senhora de que estamos falando soube das dificuldades da velha preta, não hesitou: viu sua chance de superar a própria deficiência.

Contratou a mulher como empregada. "Na realidade - diz ela não era empregada coisa nenhuma. Ela estava muito doente, ranzinza; não podia mais trabalhar. Mas eu a animava, fazia programas para sairmos juntas e sempre que um motivo aparecia eu a abraçava e beijava". E, dessa forma, foi superando a dificuldade que sentia de se aproximar das pessoas de cor. Enfrentando diretamente o problema sem fuga nem escamoteações.

Hoje, em seu lar, há várias crianças de cor. De idades variadas. Todas recebem o carinho de filho. Ela reconhece o grande benefício que a velha preta, ranzinza e doente, lhe prestou: ensinou-lhe a prática da fraternidade.

Quantas manifestações demagógicas, da boca para fora, assistimos com respeito à fraternidade universal! Quantas palavras gastas, quanta tinta consumida, para pregação de um princípio natural: o da união dos povos e das raças! E quão pouca coisa foi feita até agora na prática !
Valentim Lorenzetti

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