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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Amor que salva

                                                          Amor que salva      



Ele era um garoto de 7 anos. Mas parecia ter somente 4. Louro, de olhos castanhos e boca em forma de coração, Vladimir era uma criança muito especial naquele orfanato, perto de Moscou. 
 
Uma canção cantada por ele, e gravada por uma repórter durante uma reportagem, no orfanato, acabou por alcançar um casal americano que já desistira de ter filhos ou de adotar por causa das decepções sofridas. 
 
Contudo, a voz alta e límpida daquele garoto que parecia cantar com melancolia uma antiga cantiga russa, mexeu com os sentimentos de Rick. 
 
Ele ligou para a esposa, no mesmo momento, e lhe disse: 
 
Querida, acabei de ouvir nosso filho no rádio. 
 
Vladimir era portador de uma enfermidade chamada artrogripose. Suas articulações começaram a se tornar enrijecidas antes mesmo do nascimento. 
 
Suas mãos eram viradas para dentro e seus pés para cima e para trás. Ele andava como um foca, deslizando e jogando os quadris para a frente, puxando as pernas e os pés. 
 
Foi uma longa luta. Adoção internacional é bastante trabalhosa e cara. Finalmente, o casal foi a Moscou para buscar o menino. 
 
Chegados ao orfanato, foram introduzidos em uma sala. Logo mais, puderam ouvir a tagarelice de uma criança e a intérprete lhes falou que o menino estava dizendo que não desejava ser apresentado na cadeira de rodas. 
 
A médica que o acompanhava o colocou em pé, sustentando-o com seus braços. 
 
O garoto de topete louro olhou sem qualquer receio e com forte sotaque falou: 
 
Mamãe, papai, amo vocês. E abraçaram-se os três, emocionados, como se fosse um reencontro. 
 
Vladimir teve muito que aprender. Necessitou aprender inglês para poder se comunicar com os pais e ir para a escola. 
 
Mas ele desejava mais. Queria ter mãos normais para poder escrever sem ajuda e pés normais para poder andar de bicicleta e correr. 
 
Submeteu-se a cirurgias das mãos para conseguir, ao menos, que os pulsos ficassem retos. 
 
Os pés tiveram que ser amputados e adaptada uma prótese com pés de borracha. 
 
Vladimir ainda precisa de alguém para ajudá-lo em muitas coisas, pois seus cotovelos e joelhos são rígidos. 
 
Mas, em sua bicicleta especial, impulsionada manualmente, ele sorri feliz porque tem tudo o que sempre desejou: um pai, uma mãe, a capacidade de andar e uma bicicleta. 
 
* * * 
 
O casal Rick e Diana ainda adotou mais uma criança, também portadora de deformações congênitas de braços e pés. 
 
A menina já se submeteu a algumas cirurgias e está se recuperando. 
 
Foi o próprio Vladimir que pediu aos pais que lhe dessem uma irmã e hoje são uma família feliz. 
 
E para não esquecer que foi a canção de Vladimir que transformou quatro vidas, toda noite, na hora de dormir, os pais cantam para as crianças. 
 
O amor é verdadeiramente de essência divina e consegue coisas inimagináveis. Mais do que isso, o amor desconhece fronteiras, idiomas e quaisquer outros obstáculos.
 

Redação do Momento Espírita, com base no artigo A canção de Vladimir, da Revista Seleções do Reader´s Digest, de julho/2000.

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